Um grupo de deputados federais ligados ao bolsonarismo, e que manifestaram apoio a golpistas que promoveram os atos de vandalismo no 8 de janeiro de 2023, articulam junto com o colega Carlos Jordy (PL-RJ) uma reunião, na próxima quarta-feira, em apoio ao colega alvo semana passada de busca e apreensão, numa das fases da Operação Lesa-Pátria. Esse encontro se dará na liderança do PL, na Câmara, às 10h30, em pleno recesso do Congresso Nacional, que retoma seus trabalhos no próximo dia 5 de fevereiro.

Até agora, pelo menos 17 deputados de cinco partidos, entre as quais legendas de apoio ao governo, casos do MDB e Republicanos, confirmaram presença no encontro.

No grupo de parlamentares de direita no WhatsApp, o chamamento para a reunião apresenta um texto do próprio Jordy convocando os seus pares. O parlamentar, que prestou depoimento à Polícia Federal, no Rio, diz que a pauta é discutir "os abusos de autoridade cometidos pelo STF", e cita o ocorrido com ele.

"A reunião tem como objetivo estudar a estratégia para lidarmos com esses abusos - que aumentarão de tamanho - e ações no âmbito do Legislativo para dar uma resposta ao STF", diz Jordy.



No dia da operação que o atingiu, o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), aliado de Jair Bolsonaro, começou a colher assinaturas para apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) em reação ao episódio que atingiu Jordy. O parlamentar sergipano quer que todas ações judiciais, mandados de busca e apreensão e investigações realizadas contra deputados e senadores só sigam adiante após serem submetidos e aprovados pela Mesa Diretora das duas casas. Jordy diz que os parlamentares são cada vez mais humilhados pelo Judiciário.

"Peço, por favor, que todos possam comparecer. Não estou pedindo por mim, pois sei que meu caso já está nas mãos do STF (Supremo Tribunal Federal) e eles farão o que quiserem. Peço por todos nós, pelo respeito aos parlamentares, sobretudo aos deputados, que vêm sendo cada vez mais humilhados pela ditadura do Judiciário".

O deputado alvo da PF cita ainda os ex-deputados Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos de prisão pelo STF, em abril de 2022, e também Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que teve seu mandato cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em maio do ano passado.

"Vamos ficar parados aguardando o próximo? Vamos ficar quietos e aceitar ser censurados e intimidados? Se for para ser assim, é melhor abandonarmos nossos cargos e tocar a vida em outra coisa que não seja a política, aceitando que a ditadura do Judiciário venceu", afirmou.

Entre os deputados que confirmaram presença na reunião está o General Girão (PL-RN), alvo de inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes, em julho do ano passado, acusado de ter incitado os atos de 8 de janeiro. Ele chegou a promover atos em frente a um quartel em Natal (RN). O parlamentar já negou ter incitado os atos de vandalismo.

Na lista dos que confirmaram presença na reunião no PL estão também parlamentares que visitaram os presos do 8 de janeiro, nos presídios da Papuda e da Colmeia (onde ficam as detentas), ambos em Brasília. São os casos de Nikolas Ferreira (PL-MG), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Julia Zanatta (PL-SC).

O deputado Gustavo Gayer (PL-G) também confirmou presença na reunião. O parlamentar é um bolsonarista radical e foi denunciado ao STF pela Procuradoria-Geral da República, no fim do ano passado, acusado de injúria contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de racismo contra o ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania).

Também aderiu à reunião o deputado Tenente Zucco (RS), do Republicanos, que já anunciou que se filiará ao PL. O parlamentar afirmou que a ação contra Jordy foi muito grave e que desrespeita a todos os deputados de direita.

"Trata-se do líder da oposição, por isso, nos atinge a todos. No celular dele que foi levado há informações estratégicas do nosso trabalho. O parlamento não pode se calar diante desses abusos", disse Zucco. Outro deputado que se manifestou para dizer que irá participar do encontro no PL é Osmar Terra (RS), um aliado de Jair Bolsonaro.

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