A apenas nove meses das eleições que definirão o próximo prefeito de Belo Horizonte, as chuvas intensas que inundaram a cidade na noite dessa terça-feira (23/01), provocaram críticas da população em relação à infraestrutura adotada pela capital mineira para lidar com enchentes. O cenário é recorrente em janeiro e a ausência de investimentos em obras, contenção de enchentes e urbanização de áreas vulneráveis é objeto de questionamento constante nas redes sociais. Com isso, os potenciais pré-candidatos à prefeitura já estão se organizando, criticando a administração atual e apresentando propostas.
O deputado estadual Bruno Engler (PL-MG), representante da direita bolsonarista conservadora, foi um dos primeiros a se manifestar. Em suas redes, ele apontou dois investimentos realizados pelo prefeito Fuad Noman (PSD): o estudo para construção de piscinas públicas e a revitalização da Avenida Afonso Pena. “Quando BH estiver inundada, lembre-se que o Prefeito Fuad Noman está gastando R$ 25 milhões de reais para pintar uma faixa da Afonso Pena de laranja!”, escreveu.
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Bella Gonçalves, colega de Engler na Assembleia e possível pré-candidata pelo Psol, também utilizou as redes sociais para abordar a situação. Ela criticou a visão de normalidade dada ao ocorrido e rejeitou culpar a população. “É impensável tratar o que houve ontem em BH como ‘novo normal’ e culpar o povo. O nosso papel precisa ser olhar pela cidade, criar alternativas e gerir o problema. Com esse pensamento não nos espanta que BH esteja parada no tempo. Nunca é culpa da chuva. Nunca é culpa do povo.”
Bella ainda fez críticas ao governador de Minas, Romeu Zema (Novo), no qual ela afirma que “enche a boca pra falar mal de BH” e se “esquece que as enchentes estão por toda MG e já vitimaram 7 pessoas”. “Uma morte aconteceu ontem em Viçosa quando o governador estava na cidade. Mas ele diz que não tem dinheiro para abrigamento das famílias, para prevenção ao risco, pra nada”, escreveu.
O deputado federal Rogério Correia (PT) foi até as ruas de BH alertar sobre os perigos geológicos causados pelas fortes chuvas. Ele enviou um ofício ao ministro de Cidades, Jader Filho, solicitando recursos para a infraestrutura da capital.
“Precisamos socorrer a população que está precisando”, disse. “Ofício enviado ao Ministro Jader Barbalho Filho solicitando investimentos em prevenção contra chuvas e riscos geológicos em BH. Vou explicar a ele, em audiência, que o Nikolas Ferreira não é mais vereador e que não teremos problemas de aprovar na CMBH a liberação do empréstimo”, seguiu.
O senador Carlos Viana (Podemos), possível candidato da direita moderada, destacou a urgência de projetos e obras para prevenir o caos provocado pelas chuvas. “Alagamentos nas principais avenidas de BH são constantes. A população deve estar atenta às enxurradas, quedas de muretas e deslizamentos. Importante não tentar passar com veículo pelas áreas alagadas”, escreveu nas redes sociais.
Duda Salabert (PDT) expressou sua preocupação com as enchentes e enfatizou a importância de investimentos estruturais e robustos na infraestrutura da cidade para enfrentar a crise climática. "Quando fui vereadora, destinei emendas parlamentares para investimentos em infraestrutura verde e em soluções baseadas na natureza para que a cidade se adapte melhor à crise climática e ao contexto de chuvas intensas. Mas é urgente que tais investimentos sejam estruturais e mais robustos. E isso só é possível através do Prefeito”, escreveu.
O deputado federal Pedro Aihara (PRD), ex-bombeiro militar, publicou um vídeo alertando sobre deslizamentos de terra e compartilhou dicas de segurança com seus seguidores. “Sua vida é maior que seu patrimônio”, escreveu.
Gabriel Azevedo (sem partido) e Mauro Tramonte (Republicanos), possíveis candidatos à prefeitura, não se manifestaram até o fechamento desta matéria.
Nikolas é apontado como culpado
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), mesmo descartando concorrer este ano, está sendo responsabilizado pelo caos deixado na capital. Isso porque, em março de 2021, o parlamentar, então vereador de BH, votou contra um projeto da prefeitura que destinaria R$ 907 milhões para obras de contenção de enchentes e urbanização de ocupações no entorno da Avenida Vilarinho, na Região de Venda Nova.
Na época, Nikolas comemorou o veto da Câmara Municipal à proposta. "Derrubamos o empréstimo de 1 bilhão que a prefeitura solicitou para a Câmara. Jamais entregaria esse dinheiro nas mãos de um irresponsável como você. A cidade não é sua, Gargamel. Durma bem", escreveu Nikolas no Twitter.
A publicação foi resgatada por usuários da web, que cobraram um posicionamento do deputado.
Com a palavra, Fuad Noman
Já Fuad Noman, prefeito de Belo Horizonte, classificou a chuva como "o novo normal", atribuindo o fenômeno às mudanças climáticas, e afirmou que as obras de contenção funcionaram adequadamente.
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O chefe do executivo municipal considerou que o volume da água foi um fenômeno impulsionado pelas mudanças climáticas.
Com a palavra, Romeu Zema
O governador Romeu Zema também deixou sua opinião nas redes e criticou indiretamente o prefeito, destacando a necessidade de gestão na cidade que, por muitos anos, cresceu sem planejamento. "Fortes chuvas causaram estragos em BH. As forças de segurança do Estado somaram esforços pra amenizar os danos. O governo de Minas está investindo na construção de cinco bacias de contenção na capital. Mas ainda é preciso Gestão na cidade que por muitos anos cresceu sem planejamento", escreveu Zema no Twitter.
BH em alerta
De acordo com o balanço da Defesa Civil, entre 19h e 22h de terça-feira (23), a regional Oeste registrou 86,6 milímetros de chuva, o que corresponde a 26,2% do esperado para janeiro. A Pampulha concentrou o segundo maior volume de chuva, com 76,6 mm, o que representa 23,1% do previsto para o mês. A regional Centro-Sul teve o terceiro maior volume, com 68 mm (20,6%).
Belo Horizonte continua em alerta diante da possibilidade de chuva forte. O comunicado foi publicado pela Defesa Civil nesta quarta-feira (24 de janeiro). Conforme o órgão, pode chover até 70 milímetros na capital ao longo de todo o dia. O volume é praticamente o mesmo que caiu na região Centro-Sul no temporal desta terça-feira (23 de janeiro), quando os medidores da Defesa Civil registraram 71 mm de chuva na região. Oito das nove regionais estão em alerta para o risco de desabamento e deslizamento. Apenas a região Norte não está sob risco.