O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL, agiu em um esquema de espionagem para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus familiares. É o que aponta decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado levantou o sigilo do despacho.

De acordo com a decisão de Moraes, que autoriza a operação da Polícia Federal que mira Ramagem e policiais federais envolvidos no esquema, o objetivo era monitorar alvos de interesse de Bolsonaro, do filho dele, Jair Renan, e outras pessoas. Renan foi alvo de uma investigação policial por suspeita de tráfico de influência.



"Os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram das ferramentas e serviços da Abin para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da
Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então Presidente Jair Bolsonaro", diz um trecho da decisão.

A Polícia Federal explica que um software era usado para monitorar, ilegalmente, a localização do celular dos alvos. A espionagem ocorria sem autorização da Justiça e sem que o alvo soubesse que estava sendo vigiado.

"A investigação apura a utilização do sistema de inteligência First Mile pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) no monitoramento de dispositivos móveis, sem a necessidade de interferência e/ou ciência das operadoras de telefonia e sem a necessária autorização judicial. Segundo informado pela Polícia Federal, o referido sistema, fornecido pela empresa Cognyte Brasil S.A., é capaz de identificar a Estação Rádio Base (ERB) indicando a localização de qualquer celular monitorado", destaca um trecho do relatório da investigação.

Buscas


Alexandre Ramagem, que comandou a Abin no governo Bolsonaro, foi alvo de busca e apreensão nesta quinta-feira (25/1). O apartamento funcional e o gabinete dele, na Câmara, em Brasília, foram alvos de agentes da PF.

Os outros mandados ocorreram em Brasília (16), Juiz de Fora (MG) (1), São João Del Rei (RJ) (1) e Rio de Janeiro (1). A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.

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