EM BH, a folia é política. Rogério, Duda, Bella e Gabriel marcaram presença nas festas de rua -  (crédito: Redes Sociais/Reprodução)

EM BH, a folia é política. Rogério, Duda, Bella e Gabriel marcaram presença nas festas de rua

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Nascido de uma manifestação política, o Carnaval de Belo Horizonte - agora reconhecido em todo planeta - voltou para sua primeira essência. Em cima dos trios e com pautas politizadas, os pré-candidatos à Prefeitura da capital de Minas Gerais deram o pontapé para as campanhas que miram as eleições municipais deste ano, que serão realizadas em outubro.

Nas ruas, foliões clamavam por políticas públicas, melhorias nas cidades, diversidade e também tinham atos de protesto contra o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Na pauta política, o questionamento era outro: quem ganharia a paternidade do carnaval: o prefeito Fuad Noman (PSD) ou o chefe do executivo estadual.

O federal Rogério Correia (PT-MG), pré-candidato do Partido dos Trabalhadores e possivelmente a escolha do presidente Lula em BH, esteve nas ruas todos os dias.

Em conversa com o Estado de Minas, ele agradeceu o carinho recebido e afirmou ter ficado feliz ao ouvir alguns gritos em apoio à sua candidatura. "Agradeço a recepção calorosa e os elogios, especialmente pela minha atuação na CPMI do golpe em defesa da democracia. A prisão de Bolsonaro foi entoada em vários blocos que estive presente. Estou muito feliz por ser reconhecido e aclamado como pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte, o que me encoraja para a tarefa designada pelo PT, como candidato do presidente Lula: ‘Lula lá, Rogério em BH’", declarou.

Além de participar da festa, Rogério esteve em alguns pontos estratégicos para discutir questões relacionadas à cidade, como no Barreiro, onde falou sobre o metrô de BH, e nas periferias, onde defendeu o fortalecimento da festa em áreas democráticas.

"Foi um carnaval popular e sem dono. Este foi o recado do 'Fora Zema'. A limpeza das ruas e praças pelas garis, o respeito às mulheres e à diversidade também melhoraram muito. Os ventos já não sopram para o ódio e o preconceito. São sinais das mudanças na política. Reclamações de ambulantes, cuidados com a dengue, espaços e cuidados especiais com idosos e ausência de banheiros mostram que também no carnaval Belo Horizonte pode mais."

 

Esse foi também o pensamento da deputada Duda Salabert (PDT-MG), outra cotada para a prefeitura de BH, que discursou no trio do Abalô-caxi no domingo de carnaval e fez duras críticas ao governador Romeu Zema, ao prefeito Fuad Noman (PSD) e aos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e estadual Bruno Engler (PL-MG).

Aos gritos de "prefeita", a deputada foi bem recebida pelos foliões. Para o EM, Duda disse que seu carnaval foi maravilhoso. "Trouxe muita alegria e renda para a cidade e consagrou BH como um dos melhores carnavais do país. É uma vitória principalmente das milhares de pessoas que constroem durante o ano os blocos e escolas de samba de BH", afirmou.

“A prefeitura infelizmente errou ao não dar o suporte necessário a essas pessoas que construíram essa linda e rentável festa. Errou também ao disponibilizar poucos banheiros químicos. Outra falha foi não criar uma política unificada de distribuição de água para os garis que estavam limpando as ruas no Carnaval. Em conversa com os garis, vi que algumas empresas terceirizadas estavam disponibilizando água, outras não. Cabia à prefeitura resolver esse problema, sobretudo porque o calor estava intenso", concluiu.

 

 
 
 
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A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) também esteve presente todos os dias. Com estandartes que expressavam críticas ao governo Zema, ela enfatizou a questão ambiental na capital mineira e foi aclamada como "prefeita". Bella ainda promoveu o movimento "Brilha + BH", com adesivos e postagens nas redes sociais, e também promoveu encontros para discutir políticas públicas que envolvam os catadores de lixo e ambulantes.

“O carnaval de Belo Horizonte explodiu com força, brilho e vigor. Eu acompanho esse carnaval desde o seu ressurgimento, bloquinhos ligados aos movimentos sociais, à praia da estação, que iam nas ocupações urbanas, atuavam muitas vezes resistindo à tentativa de repressão da polícia militar, mas se organizando e que ficaram famosos. E vejo hoje esse carnaval com mais de 500 blocos com muito orgulho. Eu acho que é prova de que a resistência venceu e que hoje Belo Horizonte pode ser elogiada enquanto uma cidade de carnaval muito organizado, pulsante e relativamente seguro, em especial para as mulheres", afirmou ao Estado de Minas.

Ao abordar os problemas, Bella falou sobre a disputa pela paternidade do Carnaval. "Houve uma tentativa de apropriação por parte do governo estadual no Carnaval. O patrocínio de empresas como a Codemig, a Cemig e a Copasa são de empresas públicas e não deveriam ser capitalizadas da forma como foram feitas pelo governo Zema, que nunca foi um apoiador do Carnaval. No entanto, este ano ele entrou em cena tentando construir uma grande campanha de marketing em cima da festa", disse.

“Foi muito gostoso encontrar tanta receptividade à nossa pré-candidatura nas ruas. Palavras de estímulo, gritos de luta, abraços, celebrações assim de que uma prefeita pode estar à frente de Belo Horizonte no próximo período. E alguém profundamente ligado à história do Carnaval. Durante os dias, estive sendo foliã, sendo cordeira e ajudando na mediação com a polícia. A gente fez de um tudo para garantir que esse Carnaval fosse o melhor possível e que ele se estruture cada vez mais.", afirmou.

O presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido), também cotado para a corrida eleitoral, esteve nos trios do "WS elétrico" e do "Então Brilha!".

“O brilho do nosso carnaval é feito de gente na rua de um jeito difícil de explicar e fácil de sentir. Morando no Centro, a festa está mesmo dentro do meu apartamento preenchido pela alegria e pela música das pessoas. Perdi a conta do número de blocos em que fui para curtir com os amigos andando pela cidade. Marcava com eles na portaria do meu prédio, deixava o celular pra trás e ia pulando de folia em folia. Bom demais! O carinho das pessoas lhe abraçando e beijando é muito gostoso. Para minha turma, havia um certo exercício de paciência ao parar o tempo todo por um integrante que personifica aquele meme 'sabe aquele seu amigo vereador que para para cumprimentar todo mundo'", afirmou em conversa com a reportagem.

Questionado sobre as melhorias, Gabriel disse "sem dúvidas é preciso criar uma logística melhor de banheiros e lixeiras". "É possível criar condições para a cidade ficar menos suja. Também é preciso uma postura mais grandiosa na busca de patrocínios e publicidade para conseguir divulgar ainda mais nossa cidade no mundo e garantir ainda mais recursos para essa festa que se prova um ponto relevante para nossa economia. Muitos blocos ficaram sem recursos a exemplo de outros e isso pode ser resolvido com uma postura mais estratégica.”

 
 
 
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A deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede) também esteve presente na folia. Segundo ela, o carnaval de BH voltou a ter sua essência política. 

"O Carnaval de BH é essencialmente um ato político. Além de promover a cultura popular e gerar renda é uma oportunidade para dar visibilidade a questões sociais. Nesse sentindo, criei, esse ano, o projeto do Bloco Batom Rosa, um movimento com o objetivo de celebrar o protagonismo feminino e manisfestar por uma socidade mais justa e livre de todas as formas de violência. Colocamos nosso bloco na rua em defesa das mulheres", disse a deputada ao EM.

O cortejo do Bloco Batom Rosa aconteceu no domingo, dia 11, no início da tarde. Além do percurso com a bateria, o bloco contou ainda com o show da banda Axé de Lá 90 e uma rua de lazer com brinquedos para as crianças. A proposta era reunir toda a família em prol da valorização do trabalho de cuidado das mulheres, fundamental para a garantia de uma vida plena para nossas crianças e adolescentes, pessoas com deficiência e idosos.

A deputada ainda celebrou a queda dos casos de importunação sexual que tiveram uma redução de 60% de acordo com os dados preliminares divulgados pela polícia militar.

 

 

Na direita

Os candidatos da direita estiveram mais reclusos neste carnaval, principalmente porque, durante alguns desfiles, não havia espaço para os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os blocos "Então Brilha", "Abalô-caxi" e "Juventude Bronzeada" fizeram manifestações claras contra o ex-chefe do Executivo nacional e críticas às ações do governador Romeu Zema.

O desfile do bloco "Volta Belchior", que aconteceu no sábado (10/2) em Belo Horizonte, foi marcado por um momento em que os foliões pediram a prisão do ex-presidente. Os gritos de "Ao ao ao, Bolsonaro na prisão" foram seguidos pelo cantor que emendou com "Foge, foge Bolsonaro, vai para casa do c…".

O pré-candidato à prefeitura de BH e escolhido por Bolsonaro para a cidade, o deputado Bruno Engler (PL-MG), tirou o feriado para discutir sua campanha e descansar. Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal, também não foi visto nas ruas de Belo Horizonte. Ambos os deputados são evangélicos.

A paternidade

O Carnaval de Belo Horizonte voltou a fazer sucesso após uma manifestação a um ato do então prefeito Marcio Lacerda. Desde então, a folia tem uma cara de contestação política, resistência e luta por espaço e direitos. Apesar do protagonismo estar nas ruas, o fato do sucesso crescente, ano após ano, fez com que a ‘paternidade’ da folia fosse disputada entre políticos.

No fim do ano passado, Romeu Zema e o prefeito Fuad Noman assinaram um termo de intenções para trabalharem em conjunto na organização do carnaval da capital em 2024. Essa foi a primeira vez, em pouco mais de cinco anos de governo, que o governador investiu no evento, que há anos é organizado pela prefeitura de BH.

Uma das principais novidades foi a sonorização, com caixas de som reproduzindo em tempo real a música dos blocos que arrastaram foliões pelas ruas e avenidas, ampliando o alcance sonoro dos trios. Aproximadamente R$ 4,5 milhões foram investidos para este recurso, já testado e avaliado como eficiente em outros estados do Brasil.

Além disso, o Governo de Minas repassou para a Prefeitura de Belo Horizonte cerca de R$ 4 milhões para a instalação de banheiros químicos, gradis de segurança e outros investimentos.

Por outro lado, Fuad investiu cerca de R$ 1,66 milhão para financiar 105 blocos que desfilaram na capital. A PBH aponta que o número de grupos interessados em receber apoio financeiro da administração municipal mais que dobrou neste ano, com 536 blocos de rua cadastrados para desfilar na cidade.

Além disso, houve um aumento de mais de 100% nos valores investidos para os desfiles das Escolas de Samba durante a gestão de Fuad. O auxílio financeiro disponível para o Grupo de Acesso desfilar neste ano é de R$ 146.280.

No entanto, mesmo com os milhões investidos pelo governo de Minas Gerais e uma clara divisão de responsabilidades entre as administrações municipal e estadual, o saldo político positivo do carnaval não foi para o governador. Isso porque, nos desfiles, a mensagem era clara: Fora Zema. E mesmo com as avenidas adornadas com símbolos da administração, da Cemig e da Codemge, o governador acabou sendo mais criticado do que reverenciado por suas ações durante os primeiros dias de folia.

Fuad Noman passou o Carnaval em Belo Horizonte trabalhando na Prefeitura de BH.