BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, saiu em defesa nesta segunda-feira (19) do presidente Lula (PT) e disse que a fala dele em que comparou a ofensiva em Gaza ao Holocausto se referiu não ao povo judeu, mas ao "governo genocida", em referência à administração de Binyamin Netanyahu.
A manifestação de Janja ocorre em meio às críticas pela declaração do petista de comparar em uma entrevista coletiva na Etiópia a ação militar de Israel no território palestino ao Holocausto judeu. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores israelense declarou o líder brasileiro "persona non grata".
Mais além, a pasta fez uma reprimenda ao embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, no Memorial do Holocausto, Yad Vashem. O gesto foi classificado por um diplomata como "show". Normalmente, advertências a embaixadores são feitas nas sedes das chancelarias.
Janja disse ter orgulho do marido e cobrou indignação pelas crianças mortas na Faixa de Gaza, no conflito que se arrasta desde outubro do ano passado.
"Orgulho do meu marido que, desde o início desse conflito na Faixa de Gaza, tem defendido a paz e principalmente o direito à vida de mulheres e crianças, que são maioria das vítimas. (...) A fala se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises", disse no X.
Orgulho do meu marido que, desde o início desse conflito na Faixa de Gaza, tem defendido a paz e principalmente o direito à vida de mulheres e crianças, que são maioria das vítimas. Tenho certeza que se o Presidente Lula tivesse vivenciado o período da Segunda Guerra, ele teria…
— Janja Lula Silva (@JanjaLula) February 19, 2024
"É preciso que o mundo se indigne com o assassinato de cada uma dessas crianças e que se una, urgentemente, na construção da paz", completou.
Lula teve reunião no Palácio da Alvorada nesta manhã com os ministros Alexandre Padilha (SRI), Paulo Pimenta (Secom) e o assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, para tratar desse tema.
As críticas de Lula a Israel e a comparação com o Holocausto que desencadearam a crise aconteceram após o presidente ser questionado sobre o anúncio de doação para a agência da ONU voltada a refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).
A entidade está sob investigação após acusação de Israel de que alguns de seus integrantes supostamente teriam vínculos com o Hamas e participaram dos ataques do 7 de Outubro. Por isso, mais de dez nações, a maior parte europeias, cortaram o financiamento.
Lula também reafirmou críticas aos países ricos, em particular aos europeus, que cortaram o financiamento da organização, quando foram apontadas suspeitas de envolvimento de agentes com o grupo terrorista Hamas.
"Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar a contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente, que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio", afirmou o presidente.
"[Não está vendo] que não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças. Olha se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, apura-se quem errou, mas não suspenda a ajuda humanitária para o povo que está lá", completou, no domingo (18).