Embaixador Frederico Meyer durante sabatina no Senado, ano passado, ao ser indicado para o cargo em Israel -  (crédito: Senado Federal / Reprodução)

Embaixador Frederico Meyer durante sabatina no Senado, ano passado, ao ser indicado para o cargo em Israel

crédito: Senado Federal / Reprodução

O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Duque Estrada Meyer, já condenou o Holocausto publicamente, no ano passado. Ele viveu um momento de constrangimento ontem ao ser chamado pelo chanceler israelense, Israel Katz, ao Museu do Holocausto para ouvir queixas públicas sobre fala de Luiz Inácio Lula da Silva, e onde anunciou o presidente brasileiro como "persona non grata" no país. Lula comparou as ações de Israel contra Gaza às ações de Hitler contra os judeus. O governo brasileiro entendeu como "inaceitável" o comportamento de Katz.

Durante sua sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado, obrigatória para indicações de embaixadores, em maio do ano passado, Meyer citou a boa relação entre os dois países, falou do papel do Brasil na criação do estado de Israel — lembrou que a sessão da ONU que criou o estado, em 1947, foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha — e se referiu à acolhida que o Brasil deu aos judeus ao longo da história, inclusive no período do Holocausto.

 

"É inevitável que qualquer apresentação sobre a relação entre Brasil e Israel se inicie pela menção à destacada atuação brasileira na Assembleia Geral da ONU, em 1947, que contribuiu para a criação do moderno estado de Israel. Nosso apoio foi determinante e é reconhecido e estimado até hoje pelo governo israelense", disse Frederico Meyer na sua fala inicial no Senado, onde seu nome foi aprovado na comissão como no plenário.

E, na época, falou também da contribuição no "sentido inverso", do povo judeu para a formação do Brasil desde a colonização, citando a presença dos judeus separatistas, da Península Ibérica; a construção no Brasil, em 1637, de uma das primeiras sinagogas das Américas, no Recife, e, até mais recente, da chegada dos judeus perseguidos pelo Nazismo na Europa. Pelo seu cálculo são 120 mil brasileiros judeus descendentes desses imigrantes.

"Os judeus desempenharam papel ativo em todas as esferas da vida brasileira, incluindo a política, o desporto, o negócio, a academia, a cultura e as artes. Podemos citar nomes como de Lasar Segall, Bertha Lutz, Jacob do Bandolim, Adoniran Barbosa, as famílias Bloch, Klabin, Lafer e, no período mais sombrio da história recente, um embaixador e uma funcionária brasileiros que descumpriram as ordens da ditadura do Estado Novo (de Getúlio Vargas) e ajudaram judeus a escaparem do nazi-fascismo e hoje estão no local dos justos do Museu do Holocausto", disse Meyer aos senadores.

O diplomata tratou bem do conflito entre Israel e a Palestina e afirmou que o Brasil defende o fim das hostilidades e a busca por uma negociação de paz.