O líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), se pronunciou sobre a fala do presidente da República a respeito da guerra em Gaza durante sessão do Congresso na última terça-feira (20/2) contemporizando a declaração do aliado, mas questionando a comparação entre o conflito o Holocausto. O senador destacou se sentir à vontade para criticar a relação feita pelo correligionário por ser judeu e integrante da legenda há mais de quatro décadas.
Em sessão no Senado marcada pela reverberação da polêmica após o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ter repreendido a declaração de Lula, Wagner também se posicionou. O senador disse que não há o que ser reparado quando o presidente da República questiona o massacre do povo palestino na guerra que se arrasta desde outubro, mas fez um desagravo ao comentar a comparação com o Holocausto.
“Não tiro uma palavra do que Vossa Excelência disse, a não ser o final, que, na minha opinião, não se traz à baila o episódio do Holocausto para nenhuma comparação. Porque fere sentimentos, inclusive os meus, de familiares perdidos naquele episódio”, afirmou o senador.
A fala do senador é mais um eco da declaração feita por Lula no último domingo (18/2) durante passagem por Abis Abeba, capital da Etiópia. Em mais um comentário em prol do cessar-fogo em Gaza, o brasileiro afirmou que o que acontece atualmente no Oriente Médio “não aconteceu em nenhum outro momento histórico, só quando Hitler resolveu matar os judeus”, aludindo ao extermínio de mais de seis milhões de pessoas durante o período da Alemanha Nazista.
A comparação dos eventos causa, desde então, reações no cenário internacional e nacional. O premier israelense Benjamin Netanyahu disse que o petista “cruzou a linha vermelha” com seu comentário. O presidente brasileiro foi considerado “persona non grata” pelo governo de Israel.
No Brasil, a fala de Lula foi recebida com apoio da maior parte de seus aliados dentro e fora do PT. Ainda assim, há membros da base governista signatários de pedido de impeachment do presidente pela fala considerada antissemita. A maior parte dos que assinam o documento são da oposição ao governo e ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).