Após traçar uma comparação entre os ataques de Israel contra palestinos e o Holocausto protagonizado pela Alemanha nazista de Hitler, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rotulou a guerra em Gaza como “genocídio”, nesta sexta-feira (23/2), assim como disse em outras ocasiões. Este foi o primeiro comentário do chefe do Executivo depois do conflito diplomático com o governo israelense.
Diferentemente do que ansiavam figuras políticas, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, Lula não se retratou pela declaração feita em uma entrevista na Etiópia. Em vez disso, afirmou que foi mal interpretado e pediu para não o julgarem.
“Sou favorável à criação do Estado Palestino livre e soberano. Que possa esse Estado Palestino viver em harmonia com o Estado de Israel. O que o governo de Estado de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio", declarou Lula, durante evento do programa "Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos", no Museu de Arte Moderna do Rio.
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O presidente ressaltou ainda que não troca sua “dignidade pela falsidade” e fez um apelo para que “não tentem interpretar a entrevista dada na Etiópia”. “Leia a entrevista em vez de ficar me julgando pelo que disse o primeiro-ministro de Israel. O que está acontecendo em Israel é um genocídio. São milhares de crianças mortas, milhares de desaparecidos. E não está morrendo soldado, estão morrendo mulheres e crianças dentro de hospital. Se isso não é genocídio, eu não sei o que é genocídio”, enfatizou.
Holocausto
Em uma visita à Etiópia, na semana passada, Lula traçou uma comparação entre o Holocausto na Segunda Guerra Mundial e o conflito em Israel. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse.
O comentário provocou a ira do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que declarou Lula como “persona non grata” no país israelita.
Conselho de Segurança
Voltando a defender a necessidade de reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Lula foi duro quanto ao atual estado da entidade, que disse não ter uma prática democrática, “porque a lógica da ONU não é agir de forma democrática”. “O Conselho de Segurança hoje não representa nada, não toma decisão para nada, e não faz paz em nada”, criticou.
Para o presidente, a construção da paz e a superação da fome no mundo só pode ser alcançada se o órgão das Nações Unidas for mais democrático. “Somente quando a gente tiver um conselho da ONU democrático, com mais representação política, e quando a classe política deixar de ser hipócrita e tiver coragem de encarar as verdades”, apontou Lula.
(Com Henrique Lessa/Correio Braziliense e informações da Folhapress)