O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu orientações de sua equipe para evitar “radicalização” em ato marcado para o domingo (25/2), na Avenida Paulista, em São Paulo. Apesar da orientação, a decisão de seguir ou não os conselhos fica a cargo do ex-presidente.
Fontes ligadas ao ex-chefe do Executivo, que pediram anonimato, disseram que Bolsonaro foi aconselhado a não inserir em seu discurso falas radicais, principalmente em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a outras instituições democráticas.
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A preocupação da equipe jurídica do ex-presidente é a investigação da Polícia Federal, sob inquérito do STF, comandado pelo ministro Alexandre de Moraes, que apura um esquema para aplicar um golpe de Estado e que mira Bolsonaro e aliados. Na quinta-feira (22/2), o ex-chefe do Executivo compareceu à sede da PF para prestar depoimento sobre o caso, mas ficou em silêncio.
Outros alvos da operação Hora da Verdade, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada (8/2), também prestaram depoimento. Bolsonaro e aliados são investigados por tentativa de golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
O Correio apurou que o STF está atento à manifestação bolsonarista de domingo (25/2). Caso Bolsonaro ataque a Suprema Corte e volte a incitar os apoiadores contra o sistema eleitoral brasileiro ou faça ataques à democracia, pode sofrer consequências relacionadas às investigações em curso.
Além disso, caso algum investigado, como o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, ou o general Augusto Heleno, aparecer no local do protesto, isso também pode pesar no inquérito.
Parlamentares bolsonaristas e governadores devem comparecer à manifestação. Nomes como o do senador Marcos Rogério (PL-RO), o senador Cleitinho (Republicanos-MG) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), confirmaram presença no evento, mas não devem discursar.
Pressão contra o STF
Em live no YouTube do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, o economista Paulo Figueiredo Filho insinuou que a manifestação em São Paulo tem como objetivo pressionar o STF.
“O que a gente está buscando no dia 25 (domingo) é não se render, não se curvar, e mostrar que, sim, as pessoas estão vendo o que está acontecendo, as pessoas estão insatisfeitas”, afirmou. “Vejam a aprovação do Poder Judiciário junto à população, vejam o índice de confiança que o STF tem com a população, vejam o quanto que a população confia nessas pessoas”, completou.
“Se essas pessoas queriam pacificar o país, elas não estão pacificando o país, elas estão aumentando a pressão da panela [...] Tudo passa, necessariamente, pela presença do povo nas ruas”, concluiu Figueiredo. O advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten, afirmou que são esperadas mais de 700 mil pessoas na Avenida Paulista e que “a expectativa é a melhor possível” para o ato.
Vídeos da estrutura da manifestação sendo montada na Avenida Paulista circulam pelas redes sociais e mostram faixas com ataques ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao ministro Moraes e ao ministro Flávio Dino. Nas imagens aparece uma faixa com a foto dos três e uma frase dizendo “eixo do mal”.