SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ato em defesa de Jair Bolsonaro (PL) conta até aqui com poucos discursos, um controle rígido do microfone e um único carro de som, diferentemente de protestos anteriores conclamados pelo ex-presidente.
No alto do carro de som, na maioria do tempo, um apresentador puxa cantos como "Eu vim de graça" e "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, discursou rapidamente no início da tarde, agradeceu aos presentes e foi embora em seguida.
Segundo o entorno de Bolsonaro, o objetivo é evitar falas mais radicais, especialmente ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal), que pudessem criar novos transtornos jurídicos para o ex-presidente, investigado por uma suposta tentativa de golpe.
Como a expectativa é de muitos aliados de Bolsonaro presentes, a decisão também buscou controlar o tempo para que o ato não se estendesse demais. À coluna Mônica Bergamo Malafaia afirmou que, com apenas um carro de som, o risco de algum apoiador exaltado falar "alguma besteira" iria diminuir.
Na semana anterior ao evento, Bolsonaro e aliados também orientaram os apoiadores a não levar cartazes ou faixas com ataques. "Se alguém aparecer com cartaz ou faixa, nós vamos educadamente pedir para que recolham", avisou o deputado federal Tenente-Coronel Zucco (PL-RS), um dos participantes da manifestação.
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Como esperado, há muitas bandeiras do Brasil e também de Israel, motivo de críticas de bolsonaristas ao presidente Lula diante de seus recentes acenos contra a investida do país na Faixa de Gaza.
Não há estimativa oficial de público, mas por volta das 14h os manifestantes se concentram por dois quarteirões da avenida, entre a alameda Ministro Rocha Azevedo e a rua Professor Otávio Mendes.
Em eventos anteriores, além de criticar o STF e o Congresso, apoiadores de Bolsonaro também exibiram faixas e cartazes apoiando a ideia de um golpe de Estado no Brasil e enaltecendo a ditadura militar que ocorreu entre 1964 e 1985.
Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.
Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados no início do mês.
Bolsonaro aposta mais uma vez numa manifestação para tentar demonstrar seu capital político. Os preparativos do ato deste domingo, no entanto, são marcados pelo medo, uma vez que o ex-presidente e aliados estão acuados pelas apurações da PF.
Não foram poucos os conselheiros que orientaram Bolsonaro a ter cautela nas palavras. Além do mais, há no entorno dele quem tema que algo fuja do controle durante a manifestação ou mesmo que haja baixa adesão do público --o que aumentaria a percepção de isolamento do ex-mandatário.
Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados no início deste mês.