O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), nomeou seu ex-secretário de Governo, Josué Valadão, para a pasta de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania após o pedido de exoneração da antiga ocupante do cargo, Rosilene Rocha. O ato foi confirmado em decreto publicado nesta terça-feira (27/2).
A saída de Rosilene Rocha se dá em meio a polêmicas recentes relacionadas a um equipamento da secretaria. Na semana passada, um adesivo que estampava a fachada do Centro de Referência LGBTQIA+ foi retirado e motivou protestos de ativistas. A unidade, situada no Centro da capital, tinha uma faixa com a bandeira com as cores do arco-íris e trazia uma inscrição com o termo “bem-vindes”.
Grupos relacionados ao movimento LGBTQIA+ e parlamentares da esquerda criticaram a ação da prefeitura e a associaram à pressão feita por vereadores conservadores da capital para a retirada do adesivo no equipamento público.
Conforme apurado pela reportagem, a retirada do adesivo na fachada do Centro de Referência LGBTQIA+ foi o ponto central para o pedido de exoneração. A decisão tomada pela prefeitura após as críticas de parlamentares de direita foi considerada uma desautorização das ações da secretaria e uma medida contraditória com a postura da PBH ao assumir compromissos com a comunidade.
A posição oficial da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é de que o adesivo foi retirado porque nenhum outro equipamento do Executivo tem uma decoração nos mesmos moldes. Na segunda-feira (26/2), durante evento de oficialização de sua pré-candidatura à reeleição, Fuad voltou a falar sobre o tema e destacar o mesmo argumento.
“Eu tenho todo carinho e atenção com a comunidade LGBTQIA+. Participei de todas as paradas e recebemos eles várias vezes. Agora estão reclamando porque nós tiramos uma faixa que tinha na frente da da do Centro de Referência. Em nenhuma das outras unidades da prefeitura tem uma faixa representativa de nenhuma associação. Então, eu espero que eles entendam que o fato da gente tirar aquela faixa não quer dizer que nós tenhamos reduzido a importância do público. Nós criamos uma casa para acolher para acolher o LGBTQIA+ que não existia em Belo Horizonte. Fizemos uma série de ações voltadas para a comunidade, porque nós entendemos que a comunidade precisa ser protegida, entendemos e temos trabalhado fortemente para que a comunidade LGBTQIA+ possa conviver em harmonia com a cidade”, afirmou.
Ligada ao campo progressista, Rosilene pediu para deixar a secretaria na mesma data em que Fuad se lançou oficialmente como nome para concorrer à PBH. A saída da assistente social do secretariado da capital foi comentada nas redes sociais por nomes da esquerda que também já se lançaram como pré-candidatos ao Executivo Municipal.
“Parabéns pelo trabalho e competência reconhecida nacionalmente. A pressão de fundamentalistas contra direitos LGBT+ acabou por gerar crise após o prefeito ceder à pressão de parlamentares de ultradireita. Decisão correta da secretária, ficou com os direitos fundamentais e constitucionais e não com o cargo”, escreveu o deputado federal Rogério Correia, nome do PT para a disputa eleitoral na capital mineira.
A deputada estadual Bella Gonçalves, pré-candidata pelo PSOL, também comentou: “Rosilene Rocha deixou a Prefeitura de Belo Horizonte em um ato de grandeza política. Realmente, Rose, não dá para admitir que princípios básicos de cidadania e direitos sejam violentados para agradar meia dúzia de extremistas. Parabéns! Você brilha muito”.
Valadão retorna
A exoneração de Rosilene marca o retorno de uma figurinha carimbada nas últimas gestões da capital ao secretariado da cidade. Josué Valadão assumirá a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de forma interina após ter deixado o primeiro escalão na administração do município em agosto do ano passado, sendo substituído por Castellar Neto como secretário de governo. Mesmo saindo do secretariado, Valadão seguiu no Executivo, assumindo o posto de Consultor Técnico do gabinete do prefeito.
Antes de deixar a Secretaria de Governo, Valadão foi motivo de críticas e bate-boca na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Crítico contumaz do novo secretário de Assistência Social, o presidente do Legislativo Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido), chegou a discutir com direito a troca de ofensas durante audiência pública sobre a área do Aeroporto Carlos Prates.
Valadão ocupa cargos no primeiro escalão da Prefeitura de BH desde a gestão de Márcio Lacerda, quando foi secretário de Obras e Infraestrutura até 2016. À época, sua saída alimentou rumores de que ele poderia concorrer ao Executivo. Ele ocupou a mesma pasta durante a gestão de Alexandre Kalil (PSD) e seguiu no governo com a passagem de bastão para Fuad Noman.