Darci Alves Pereira, condenado pelo assassinato do ambientalista e sindicalista Chico Mendes em 1990, assumiu a presidência do Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, da cidade de Medicilândia, no Pará. A informação foi dada pelo site O Eco.
De acordo com um documento obtido pelo portal, consta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a nova diretoria de Medicilândia foi formalizada na Justiça Eleitoral no dia 27 de novembro do ano passado. No entanto, a cerimônia de posse só veio a acontecer no dia 26 de janeiro deste ano.
O evento foi realizado na Câmara Municipal da cidade, e contou com a presença do deputado estadual Rogério Barra (PL-PA), secretário-executivo do PL no Pará e de quem Darci Alves é afilhado político. "Um grande avanço está por vir, Medicilândia merece o melhor, vamos juntos por Medicilândia, filie-se ao PL", escreveu Darci em suas redes sociais, onde também se apresenta como "pré-candidato a vereador".
Valdemar recomenda saída
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recomendou, nessa terça-feira (27/2), a destituição de Darci Alves da presidência da sigla no interior do Pará. Em nota, Valdemar afirmou que não sabia que Darci era o assassino confesso do sindicalista. "Agradeço à imprensa por trazer ao nosso conhecimento esse importante fato", disse.
A recomendação da destituição de Darci foi repassada ao presidente do PL no Pará, o deputado federal Éder Mauro.
Darci Alves
Darci Alves Pereira se estabeleceu em Medicilândia após cumprir parte da pena pelo assassinato do sindicalista, na década de 1990. Ele se converteu à igreja evangélica há alguns anos, atualmente se apresenta como “Pastor Daniel” e atua na Assembleia de Deus da Última Hora.
Quem foi Chico Mendes? O líder seringueiro
Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes (1944-1988), foi um líder seringueiro, sindicalista e ativista ambiental assassinado por lutar em defesa da Floresta Amazônica e suas seringueiras nativas, em movimento que lhe valeu o Prêmio Global de Preservação Ambiental, concedido pela ONU.
Chico Mendes era filho do seringueiro Francisco Alves Mendes e de Maria Rita Mendes. Desde criança, acompanhava seu pai pela floresta. Sem escolas na região, só foi alfabetizado aos 19 anos.
Em 1975, iniciou sua atuação como sindicalista e em defesa da posse de terra para os habitantes nativos da região. Criou os “empates”, em que toda a comunidade fazia barreiras com o próprio corpo nas áreas ameaçadas de destruição pelos serralheiros e fazendeiros.
Após a desapropriação das terras do fazendeiro Darly Alves da Silva, em 1988, ele recebeu ameaças de morte, que denunciou às autoridades pedindo proteção. Em 22 de dezembro do mesmo ano, ao sair de casa, foi assassinado com tiros de escopeta, deixando a esposa e dois filhos pequenos.