O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reiterou seu pedido de audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por meio de um ofício nesta quinta-feira (29/2). O objetivo do encontro é discutir a renegociação da dívida do estado, estimada em cerca de R$ 162 bilhões com a União, e a repactuação do acordo de reparação referente ao rompimento da barragem da Mina do Fundão, em Mariana. É o segundo pedido formalizado pelo governador, que já havia solicitado uma reunião em 31 de janeiro.
No ofício, o governador diz que é de "conhecimento mútuo a importância de um diálogo franco e construtivo entre os entes federativos para a resolução de questões de interesse coletivo".
“Com esse propósito, solicitamos a reunião em comento, para que possamos apresentar e discutir detalhadamente os temas acima expostos, visando o bem-estar da população mineira. Na expectativa de uma resposta positiva e agradecendo antecipadamente pela atenção dispensada a esta solicitação, renovo os votos de estima e consideração,” seguiu o governador, no pedido.
Embora tenham se encontrado durante um evento do governo federal em Belo Horizonte no início de fevereiro, onde Zema destacou a prioridade da questão da dívida e da reparação de Mariana, uma reunião formal ainda não ocorreu entre os dois.
Na ocasião, o presidente indicou que receberia o governador após uma viagem internacional aos países do Caribe. A previsão é que Lula retorne ao Brasil depois dessa viagem. Enquanto isso, o governador participará da 10ª edição do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que ocorrerá em Porto Alegre, de quinta-feira (29/2) até sábado (2/3).
Mas, afinal, por que Zema quer se encontrar com Lula?
O principal objetivo do governador é discutir um plano alternativo ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para resolver a questão da dívida de R$ 162 bilhões de Minas com a União. Esse plano alternativo, proposto pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), contempla a federalização de estatais mineiras, entre outras medidas.
A aproximação com o presidente Lula se dá após a falta de aceitação do plano original, tanto pela maioria dos parlamentares na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) quanto por servidores públicos.
Agora, a dívida mineira está temporariamente suspensa até 20 de abril deste ano, graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Quanto à questão de Mariana, o rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015, causou a morte de 19 pessoas e devastou vastas áreas em Minas Gerais e no Espírito Santo, afetando milhões de pessoas em 49 municípios.
Apesar de um acordo inicial para que a Samarco, proprietária da barragem, fosse responsável pela reparação por meio da Fundação Renova, a implementação dessas medidas tem sido considerada insatisfatória, levantando a necessidade de renegociação dos termos do acordo.
Promessa de Lula durante as eleições, a assinatura do acordo vem sendo foco de pressão por parte de Zema. O governador chegou a criticar a suposta falta de empenho em relação ao assunto.
Apesar do oficio
No último domingo (25/2), Zema esteve ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na manifestação bolsonarista que tomou a Avenida Paulista. O ex-chefe do Executivo é acusado de golpe de Estado. O ato foi convocado em defesa de Bolsonaro.
Além de posar para fotos ao lado do ex-presidente, Zema também almoçou com Bolsonaro e dois outros governadores da extrema-direita: Tarcisio de Freitas, de São Paulo, e Jorginho Mello, de Santa Catarina.
Dias antes, Zema também criticou as falas de Lula em relação à guerra em Gaza. “Discursos políticos que pregam a divisão precisam acabar. É inadmissível que o presidente continue comparando conflitos com o Holocausto apenas para agradar partidários. Ele ofende e desrespeita milhões de judeus e Israel. O caminho para ajudar na solução de disputas é o diálogo”, escreveu o governador mineiro em sua conta no Twitter.