*Carlos Marcelo, Ígor Passarini e Rafael Bernardes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou que a relação com o Congresso Nacional tem sido feita com muito “diálogo e respeito”. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas e ao Portal UAI nesta quarta-feira (7/2), o presidente disse prezar por uma relação harmônica presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como um ponto de “respeito mútuo”.

Mais próximo do senador mineiro do que do deputado alagoano, o petista e sua equipe de ministros têm conseguido superar as dificuldades dentro do parlamento para aprovar matérias de interesse do governo.

“Eu destacaria uma reunião que tivemos com investidores americanos em Nova York: eu, Lira e Pacheco na mesma mesa. Os americanos disseram que isso seria impossível nos Estados Unidos, devido à polarização do país. Nós conseguimos mostrar que existe respeito mútuo. Divergências são normais. O importante é conseguirmos superá-las para trabalhar juntos no que interessa ao Brasil”, disse Lula.



Para o presidente, são prova de uma boa interação entre os Poderes a aprovação da Reforma Tributária, que segundo especialistas moderniza e simplifica a cobrança de impostos no Brasil, considerado um marco histórico do terceiro governo Lula, e  a PEC da Transição, que alterou o Orçamento deixado pelo ex-presidente Bolsonaro (PL) e permitiu investimentos mais robustos no primeiro ano de governo.

“Nós somos Poderes independentes, que têm que ter relação harmônica, não cabe um dar nota para o outro. A relação com o Congresso tem sido de diálogo e respeito. O Congresso aprovou em 2023 medidas importantes, em especial a Reforma Tributária, que era um assunto discutido faz décadas. Na realidade, já em 2022, antes mesmo da posse, o Congresso aprovou a PEC da Transição, que foi fundamental para fecharmos o Orçamento de 2023 com todos os investimentos necessários para trazer de volta programas sociais que haviam sido extintos ou desfigurados pelo governo anterior”, frisou o presidente.

O aceno de Lula ao Congresso ocorre no momento de abertura do ano legislativo, em um momento em que as previsões sobre a relação do Planalto com os parlamentares têm apontado para uma dificuldade elevada, devido aos vetos no Orçamento de 2024 e a medidas econômicas que desagradam alas ligadas ao empresariado – como a Medida Provisória (MP) que previa a reoneração gradual da folha de pagamento.

Em janeiro, o presidente Lula sancionou o Orçamento de 2024 com um veto de R$ 5,6 bilhões às emendas de comissão dos parlamentares. A medida tende a ser derrubada pelo Congresso, mas não antes de criar um atrito entre os poderes Legislativo e Executivo.

No discurso de abertura dos trabalhos na Câmara, na segunda-feira (5/2), Lira defendeu a fatia do Orçamento destinada aos deputados e disse que a Casa “não aceita críticas”.

“O Orçamento é de todos os brasileiros. Não é, e nem pode ser, de autoria exclusiva do poder Executivo, e muito menos de uma burocracia técnica, que apesar do seu preparo - e eu não discuto -, não foi eleita para escolher as prioridades da nação e não gasta a sola do sapato percorrendo os pequenos municípios brasileiros como nós parlamentares”, disse o presidente da Câmara. 

Lula em Minas Gerais

Lula desembarcou em Belo Horizonte na tarde desta quarta-feira (7/2). Esta é a primeira vez que o presidente visita Minas Gerais desde o segundo turno das eleições de 2022. O petista foi recebido no aeroporto da Pampulha por aliados do PT de Minas, além do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), o vice-governador do estado, Mateus Simões (Novo), e pelo presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB).

Amanhã, o presidente participa de um evento no Minascentro, onde fará uma espécie de “prestação de contas”, apresentando os investimentos do governo federal no Estado. Questionado sobre a ausência em Minas Gerais durante o primeiro ano de mandato, Lula disse que foi preciso “reorganizar o governo” primeiro.

“No primeiro ano foi importante recuperar a imagem do Brasil no exterior, que foi muito desgastada pelo governo anterior. O Brasil tinha se transformado num pária mundial. E aqui no Brasil estávamos reorganizando o governo. Foi preciso muito trabalho para reorganizar o governo depois da bagunça deixada pelo governo anterior, preparar projetos, retomar obras paradas. Então não consegui visitar todos os estados que eu queria no primeiro ano”, afirmou o presidente ao Estado de Minas.

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