O ex-ministro da Defesa e general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, admitiu em uma reunião de julho de 2022 que a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era o objetivo da participação das Forças Armadas na comissão de transparência das eleições, criada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reforçar a segurança das urnas eletrônicas brasileiras. A informação é da colunista Malu Gaspar, de O Globo.

Nogueira é um dos alvos da Operação da Polícia Federal (PF) Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira (8/2).De acordo com a colunista, a reunião teria teor golpista. Na ocasião, o então ministro da Defesa também teria dito que os comandantes das Forças Armadas viam o TSE como “inimigo”.

Ao ex-presidente, Nogueira, enfatizou que o Ministério da Defesa e as Forças Armadas não concordavam com os objetivos do colegiado do TSE, criado pelo ministro Luís Roberto Barroso durante o período em que esteve à frente do tribunal. Barroso também foi o responsável por convocar os militares para participar da comissão.

Paulo Sérgio Nogueira declarou ainda que o objetivo do diálogo com os militares era a reeleição de Bolsonaro.

“Nós temos reuniões pela frente, decisivas, pra gente ver o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas para que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições se transcorram da forma como a gente sonha! E o senhor, com o que a gente vê no dia a dia, (que) tenhamos o êxito de reelegê-lo e esse é o desejo de todos nós”, declarou.

“O que eu sinto nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja ... Na guerra a gente… (tem) linha de contato, linha de partida. Eu vou romper aqui e iniciar minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido pra que a gente não fique sozinho no processo", disse o ex-ministro em outro trecho.

Ainda de acordo com a colunista, a reunião foi registrada em vídeo e o conteúdo foi obtido a partir de um computador do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, durante uma operação de busca e apreensão da PF contra o tenente-coronel do Exército em maio do ano passado.

Entre os participantes do encontro, segundo a PF, estavam Bolsonaro, os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI), além de Paulo Sérgio, o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto e Mário Fernandes, chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência.

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