O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), alegou que planejava colocar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas para presidente de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e do seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A fala de Heleno ocorreu em reunião ministerial em julho de 2022, com Bolsonaro. As imagens foram apreendidas pela Polícia Federal em computador encontrado na casa do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
"Dois pontos para tocar aqui, presidente. Primeiro, o problema da inteligência. Eu já conversei ontem com o Victor [Felismino Carneiro], novo diretor da Abin, nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados vão fazer", afirmou o ministro.
Na sequência, Heleno externa receio de que a informação da futura ação possa vazar. A gravação mostra Bolsonaro o interrompendo e pedindo para que o assunto fosse tratado por eles em particular.
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"O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio. Se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer um dos lados...", falava o general antes de ser cortado.
O segundo ponto de Heleno era uma "virada de mesa" que deveria ser feita antes da eleição. "Isso aí tem que ficar bem claro, acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. Vai chegar um ponto em que não vamos poder mais falar, vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas", alardeou o militar sobre uma ação que visaria a ruptura com o estado democrático.