O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto voltou à prisão 10 anos depois de passar uma temporada cumprindo uma pena a que foi condenado pelo seu envolvimento no escândalo do mensalão, que aconteceu ainda no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas apesar das reviravoltas, Valdemar notavelmente seguiu, à época, atuando na política brasileira de forma inigualável.

Essa capacidade foi revelada pelo Correio, em sua edição de 23 de dezembro de 2013, onde demonstrava que mesmo atrás das grades, no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, Valdemar seguia comandando ativamente os rumos do seu partido e as articulações da legenda para as eleições presidenciais de 2014.

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Valdemar comandava nessa época o PR (Partido da República), nome adotado pelo PL depois dos desgastes com o escândalo do mensalão e depois da fusão com o Prona - legenda que foi a casa do candidato Enéas Carneiro até a sua morte. A fusão com o partido que representava um dos primeiros expoentes da extrema-direita no país levou o PL de Valdemar para o campo político muito mais à direita do que o que ocupava no primeiro governo petista, quando abrigou o vice-presidente de Lula, o empresário José Alencar.



Valdemar, que sabia que não escaparia do cárcere após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou providências, antes de ser recolhido para a prisão, para que conseguisse seguir, indiretamente, no comando do PL (PR à época). Naquela ocasião, valeu-se do apoio do senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), que era o seu homem de confiança e emissário nas reuniões do partido levando as definições de Valdemar para os demais correligionários.


Mas, se há 10 anos, Valdemar como um "grande chefão", seguia definindo os destinos do partido, hoje o fôlego político talvez não seja o mesmo. O partido é muito diferente do que Valdemar comandava naquela época. O PL tem uma clara divisão entre o grupo mais ideológico ou bolsonarista e um grupo muito mais próximo do Centrão, interessado mais nos acordos e emendas para as suas regiões.

O político além de disputar com Bolsonaro os destinos do partido, perdeu o cuidados controle que tinha sobre as verbas partidárias, a maior receita do país em fundo eleitoral e partidário, um volume de dinheiro muito maior do que estava disponível ao PR de 2013 e fundamental na definição dos apoios e destinos da legenda nas eleições municipais deste ano.

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