A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Belo Horizonte, na última quinta-feira, mexeu no xadrez das eleições estaduais de 2026, com a aproximação, cada vez mais nítida, ao PSD do senador Rodrigo Pacheco e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Os correligionários também trocaram elogios ao longo do evento, com ambos destacando a importância de lidar com a dívida de Minas com a União, avaliada em R$ 160 bilhões. A candidatura de um deles pode ser escolhida para enfrentar nomes ligados ao governador Romeu Zema (Novo) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tais como o vice-governador Mateus Simões (Novo) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).

“Nós temos uma proposta para lidarmos com essa questão feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que está sendo analisada pelo Ministério da Fazenda e assim que ela for consolidada queremos discutir esse assunto com o governo de Minas Gerais”, ponderou o presidente Lula em entrevista ao Estado de Minas.

A dívida é alvo de um plano de Regime de Recuperação Fiscal (RRF) proposto por Zema e em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). No entanto, as medidas de austeridade fiscal são avaliadas como muito rigorosas e danosas ao funcionalismo público, uma vez que prevêem apenas duas recomposições salariais e a privatização de empresas mineiras. Em resposta, Pacheco apresentou uma proposta alternativa em diálogo com Silveira e o presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB).



“O que se apresenta como solução é uma solução que não é solução. Um regime que vai sacrificar servidores. Com respeito aos números e outros aspectos, apresentamos um modelo alternativo – com Silveira e Tadeu – e precisamos conversar com um diálogo maduro sobre esse problema. Esse será o maior legado de todos aqui se resolvermos a situação do nosso estado”, afirmou o senador no evento do governo federal realizado no Minascentro, na capital mineira. Após a fala, ele foi aplaudido inclusive por Zema (Novo).

Pacheco também destacou o trabalho dos ministros de Lula presentes ao evento, entre eles o chefe da pasta de Minas e Energia. “Gostaria de reconhecer o trabalho de todos os ministros que aqui estão. Nessa grande frente ampla de enfrentamento ao Brasil. E na pessoa de Alexandre Silveira, o mineiro entre os ministros, cumprimento todos os outros. Ele vem se dedicando muito. Está trabalhando tanto que está ficando até doente”, ressaltou.

Em outro momento do discurso, o senador afirmou acreditar na política para a solução dos problemas do estado. “Preciso dizer que tenho uma crença na Política que as coisas se resolvem através da política. É por isso que resolvemos o problema da Sudene. Conseguimos criar o TRF-6. Conseguimos uma solução para os reservatórios de água no Sul de Minas. É através da política que vamos resolver os problemas do Norte de Minas. Essa é minha crença e meu respeito: a política. É assim que vamos resolver os problemas de Minas”, declarou.

Silveira, por sua vez, também elogiou o trabalho do presidente do Congresso Nacional, mencionou a dívida do estado e fez críticas pela forma como o governo Zema lidou com ela em seus mandatos. “Precisamos de mais criatividade para buscar uma solução para um problema que assusta toda a população mineira: a nossa triste e, infelizmente, volumosa dívida pública aumentada em 50% nos últimos cinco anos, quando nenhum centavo foi pago à União. Triste realidade”, afirmou.

O ministro ainda destacou que a solução não passa por transferir o ônus para os servidores públicos da saúde, educação e segurança “já tão sacrificados”. Segundo ele, é preciso união para que esta conta não recaia sobre quem não tem culpa, que são os trabalhadores.

“Presidente Lula, quero aqui registrar publicamente o reconhecimento a esta grande liderança mineira, que hoje ocupa o cargo mais alto do Legislativo brasileiro, que é o presidente do Congresso Nacional – para minha alegria – meu amigo e senador da República, senador Rodrigo Pacheco. Ele tem mostrado e liderado junto com as bancadas de Minas, tanto em Brasília como na Assembleia, um processo que pode ajudar a recolocar Minas Gerais nos trilhos, de verdade. Pacheco tem demonstrado que o diálogo, a união, o equilíbrio e a transparência são sempre o melhor caminho”, declarou Silveira.


BH no caminho

Em 2023, quando questionado pelo Estado de Minas sobre uma eventual candidatura ao governo em 2026, Silveira disse que esta prerrogativa era de Pacheco. Este, por sua vez, tem se mostrado cada vez mais envolvido nos assuntos do estado. No meio do caminho, porém, em outubro de 2024, ainda tem as eleições municipais e uma parceria entre PSD e PT, pode ser a premissa que falta para o apoio recíproco lá na frente. O prefeito de Belo Horizonte Fuad Noman (PSD) é concorrente natural à reeleição, mas o deputado federal Rogério Correia (PT) também é pré-candidato. Ao Estado de Minas, Lula disse que espera unir as forças do campo democrático da capital ainda no primeiro turno. “O cenário eleitoral em Belo Horizonte ainda está se desenhando. Espero que a gente consiga juntar as forças democráticas, de preferência no primeiro turno, contra a extrema direita negacionista, essa gente que aparece nas redes digitais com um discurso maluco e que na hora de governar não sabe o que fazer”, declarou.


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