O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está no Cairo, capital do Egito, para os seus primeiros compromissos internacionais de 2024. Ele desembarcou na cidade ontem, mas não teve agenda oficial. Hoje, terá reunião com o presidente Abdel Fattah Al-Sisi para assinatura de atos bilaterais, um almoço oficial e declaração à imprensa internacional. O chefe do Executivo brasileiro também fará visita à sede da Liga dos Estados Árabes.
Ontem, ele e a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, acompanhados pelo ex-ministro do Turismo e Antiguidades Khaled El-Enany, visitaram o complexo turístico que reúne a pirâmide de Gizé, a Esfinge e o Grande Museu Egípcio. “Também visitei um novo museu ao lado das pirâmides que será inaugurado e conversei sobre o apoio dos egípcios na recuperação do Museu Nacional e seu acervo que pegou fogo em 2018”, disse Lula nas redes sociais.
A visita ao Egito celebra os 100 anos de relações diplomáticas entre os dois governos. Atualmente, o país é o segundo maior parceiro comercial do Brasil na África, atrás da Argélia. Segundo o Palácio do Planalto, em 2023 o comércio bilateral entre os países chegou a US$ 2,8 bilhões, sendo US$ 489 milhões em produtos egípcios importados e US$ 1,83 bilhão em produtos brasileiros exportados.
O Egito se tornou recentemente integrante do Brics, bloco que reúne economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã). O país africano ainda participará do G20, que reúne as maiorias economias do mundo, a convite do governo brasileiro que, até dezembro, preside o bloco das 20 maiores economias do mundo.
O governo brasileiro ainda espera uma expansão no comércio entre os dois países após a abertura do mercado egípico a diversos produtos brasileiros em 2023, como peixes, carne de aves, algodão, bananas, gelatina e colágeno. O Brasil ainda aguarda que o governo egípicio aprove novos abatedouros e frigoríficos para exportação de carne bovina e quer discutir a abertura de uma rota aérea ligando São Paulo ao Cairo.
O Egito também tem um papel estratégico na geopolítica, uma vez que é a única fronteira terrestre do território da Faixa de Gaza e também com Israel. É pela cidade de Rafah que os refugiados saem da faixa de terra buscando abrigo contra o conflito no Oriente Médio entre Israel e o grupo extremista Hamas. Segundo o embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, os dois países têm um papel de mediar soluções na região.
“O Egito, a exemplo do Brasil, tem um papel moderador, um papel de equilíbrio em busca de soluções pacíficas para os conflitos aqui da região, especialmente agora no conflito entre Israel e Hamas. É importante ressaltar que o Egito teve papel fundamental de apoio à evacuação de cidadãos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza. Sem o Egito, nós não teríamos conseguido agir da maneira que nós agimos, com êxito", disse o diplomata.
Os egípcios têm “muito interesse” no sucesso da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em expandir a agricultura brasileira. “Há muito interesse aqui no Egito em tentar repetir, na medida das circunstâncias e possibilidades daqui, a experiência exitosa que tivemos com a Embrapa há 40 anos, quando conseguimos gradualmente tornar a agricultura brasileira uma potência", frisou.


ALIANÇA CONTRA A FOME

Depois do Egito, Lula e sua comitiva embarcarão ainda hoje para a Etiópia, também no continente africano. O presidente vai participar, como convidado, da Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, que ocorre na capital, Adis Abeba, amanhã e depois. Lula deve ter novas reuniões bilaterais no país africano.
O presidente brasileiro pretende formar uma aliança global contra a fome e a pobreza, que começou a ser trabalhada quando o Brasil assumiu a presidência do G20. Os mecanismos de financiamento e governança serão discutidos ao longo do ano e apresentados na cúpula das maiores economias do planeta, marcada para novembro, no Rio de Janeiro, quando de ser pactuada a aliança. Além do presidente brasileiro, devem participar da cúpula o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

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