Bolsonaristas mineiros desistiram do ato que estava convocado para a Praça da Liberdade, na região central de Belo Horizonte, no mesmo dia da manifestação chamada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a Avenida Paulista, em São Paulo, em 25 de fevereiro. Mas caravanas estão sendo organizadas, aos moldes do 8 de janeiro do ano passado, para levar apoiadores de Bolsonaro para a capital paulista. Essa será a primeira manifestação bolsonarista convocada pessoalmente pelo ex-presidente desde quando seus apoiadores protagonizaram o ataque que depredou as sedes dos três Poderes, em Brasília.
Há entre os bolsonaristas quem defenda a realização ao menos de uma reunião de apoiadores do ex-presidente na mesma data, em Belo Horizonte, para contemplar quem não pode ir para a Paulista, mas nas redes sociais das principais lideranças da extrema-direita mineira, entre elas o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e o estadual Bruno Engler (PL), pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte, a orientação é seguir as instruções do ex-presidente e não realizar nenhum tipo de manifestação nas capitais e cidades do interior do país.
Além de não realizar atos fora de São Paulo, o ex-presidente também pede que os apoiadores usem verde-amarelo e não levem cartazes e nem faixas contra nenhuma autoridade ou poder. A intenção desse pedido, segundo o movimento Direita BH, é evitar que o ato em São Paulo seja esvaziado por eventos em outros estados.
Na penúltima visita de Bolsonaro a Belo Horizonte, durante um evento contra o aborto na capital mineira, em outubro passado, na Praça da Liberdade, o ex-presidente chegou a reclamar da baixa participação de apoiadores e culpou o temor da população pelas ações adotados pelo Supremo Tribunal Federal contra a tentativa de golpe e depredação dos prédios dos Poderes em Brasília pela pouca adesão.
Nikolas Ferreira, em vídeo postado nas suas redes sociais, em que aparece ao lado de Michele Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia, entre outros, convoca os manifestantes sob alegação de que o ex-presidente, alvo de uma operação recente da Polícia Federal por suspeita de tramar um golpe de Estado, é vítima de perseguição. “Desde a vitória da direita em 2018 , esquerda, Lula e mídia não param de perseguir Jair Bolsonaro”, afirma Nikolas. Em suas redes também circula o vídeo em que Bolsonaro pede que não haja manifestações fora de São Paulo.
No entanto, Bolsonaro e aliados, entre eles parlamentares mineiros, estão investindo todas as fichas, por isso a concentração da manifestação em um único lugar. Mas não há ainda garantia da presença maciça de parlamentares. Entre os mineiros, poucos ainda confirmaram presença. Questionado pela reportagem se participaria do evento, o governador Romeu Zema (Novo) não se manifestou. Apesar de estar convocando os manifestantes, a presença de Nikolas ainda não foi confirmada, ao contrário de Engler que, por meio da assessoria, informou que estará presente. O presidente do PL em Minas, deputado federal Domingos Sávio, também não informou se estará no ato.
Mas uma caravana está sendo organizada ao custo de R$ 190 por pessoa. Ônibus devem sair da capital na noite do dia 24 e retornar para Belo Horizonte no começo da noite. Os grupos bolsonaristas estão fazendo vaquinhas para custear a passagem de quem não pode pagar pela viagem. O PL, partido de Bolsonaro, também está fazendo convocações nos grupos de Whatsapp, mas a legenda garante que não vai ajudar financeiramente o ato, por não se tratar de evento partidário.
Fake news
Bolsonaristas estão espalhando fake news nas redes sociais afirmando que o ex-presidente dos EUA Donald Trump, o presidente da Argentina, Javier Milei, e o bilionário Elon Musk, dono da rede social X, estarão no ato na Avenida Paulista. Em grupos de WhatsApp, circulam fotos e vídeos garantindo a participação deles nos atos, mas não há nenhuma informação oficial a respeito da presença deles.
Também para 25 de fevereiro está sendo convocada uma manifestação contra Bolsonaro, também na Praça da Liberdade, no mesmo dia e hora da Avenida Paulista, mas nenhum partido, entidade ou movimento social ligado à esquerda assumiu a autoria da convocação que, por enquanto, circula apenas no Whatsapp.