BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria recuar da declaração em que comparou as ações de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista. 

Em seguimento às reprimendas a Lula, o Ministério das Relações Exteriores do governo de Binyamin Netanyahu declarou o líder brasileiro "persona non grata" nesta segunda (19). 

Questionada se o petista deveria se retratar para estancar a crise, Gleisi respondeu: "Eu não sei se o presidente Lula vai fazer isso; eu não faria". 

"Netanyahu devia se preocupar com a rejeição que desperta no mundo e em seu próprio país, antes de tentar repreender quem denuncia sua política de extermínio do povo palestino. Ele não tem autoridade moral nem política para apontar o dedo para ninguém", afirmou à Folha de S.Paulo a presidente do partido.



 

Para ela, a resposta de Netanyahu ao presidente Lula "confirma a truculência do chefe de um governo de extrema-direita que está levando seu país ao desastre e ao repúdio da comunidade internacional e ignora que o Brasil não é mais governado por um fascista como ele". 

Durante um giro pela África, Lula classificou a campanha militar de Tel Aviv no território palestino de genocídio e, em um adendo que abriu a mais nova crise diplomática brasileira, declarou que as mortes de civis lembram as ações de Adolf Hitler contra os judeus. 

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou o presidente em entrevista coletiva na Etiópia. 

A reação do governo israelense veio na forma de uma escalada. O premiê Netanyahu já havia dito que Lula "cruzara uma linha vermelha" com suas declarações. Nesta segunda (19), o Ministério das Relações Exteriores do governo de Israel declarou o presidente brasileiro "persona non grata"

"Não esqueceremos nem perdoaremos", afirmou o chanceler Israel Katz. Em mensagem ao embaixador do Brasil no país, Frederico Meyer, ele disse que a declaração do presidente era um "ataque antissemita" e seguiu: "Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse". 

Na prática, o termo em latim, que significa "pessoa indesejada", se refere à prática de um Estado proibir um diplomata (ou, neste caso, chefe de Estado) de entrar no país em uma viagem oficial. 

Auxiliares de Lula dão versões diferentes nos bastidores a respeito da fala sobre o Holocausto. Enquanto uns consideram um "deslize" do presidente, outros apontam que foi uma forma de trazer ainda mais para o debate internacional a situação na Faixa de Gaza, que já conta com 30 mil mortos, além de 9 mil desaparecidos sob os escombros.

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