A Justiça Federal determinou que Adélio Bispo de Oliveira, homem que deu a facada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quando ele ainda era candidato à Presidência da República em 2018, seja transferido para tratamento em Minas Gerais.

A Defensoria Pública da União (DPU), que faz a defesa de Adélio desde 2019, disse que ele não pode continuar recolhido em um estabelecimento penal, ainda que no local exista estrutura capaz de prestar atendimento médico, tampouco ser enviado para um manicômio judicial. Laudos apontam que Adélio tem “quadro psicótico paranoide com delírios persistentes.”



“Nesse sentido, a DPU destaca que, desde o advento da Lei nº 10.216/2001, conhecida como Lei Antimanicomial, é vedada a internação de pessoas com transtornos mentais em estabelecimento penais ou em instituições com características asilares desprovidas de assistência integral às pessoas nessas condições”, disse a DPU.

Atualmente, Adélio está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A decisão atende um pedido pedido da DPU e deve ser cumprida em, no máximo, 60 dias.

De acordo com a nova decisão judicial, o juiz de origem, em Minas Gerais, deverá providenciar tratamento ambulatorial ou internação, “considerando todas as medidas de segurança necessárias para garantir integridade psíquica e física de Adélio”.

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Ex-advogado

O advogado Zanone Manuel de Oliveira, que defendeu Adélio Bispo e deixou o caso após o esfaqueador ter sido considerado "inimputável", disse que é contrário à transferência do ex-cliente para um hospital psiquiátrico. Ele disse temer que Adélio venha a ser exposto a riscos.

"Não estou advogando mais (para Adélio Bispo). Minha equipe saiu (do caso) após a absolvição, mas registro que sou contra essa transferência, pois acredito que as vulnerabilidades do sistema estadual expõem Adélio a riscos desnecessários", afirmou em entrevista ao Estado de Minas, nesta sexta-feira (23/2).

Relembre o caso 

Há cinco anos, Adélio Bispo de Oliveira desferiu uma facada no então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, durante evento eleitoral em Juiz de Fora, Minas Gerais. O ato contra Bolsonaro gerou uma série de teorias, que iam desde ligações do criminoso com políticos adversários a conluios para que o crime fosse acobertado.

No entanto, a conclusão da Polícia Federal de que ele agiu sozinho está amparada na análise exaustiva de imagens do ataque, de mensagens e da quebra de sigilos telefônicos e bancários de Adélio e de pessoas que pudessem ter alguma ligação com o episódio, não sendo constatado qualquer elemento que indicasse a participação de mais pessoas.

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