Deputados mineiros de oposição ao governo e que integraram a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos atos de 8 de Janeiro - que culminou, na época, com a depredação das sedes dos Três Poderes e, posteriormente, na investigação contra Jair Bolsonaro, por suposta tentativa - criticaram a decisão do governador Romeu Zema (Novo) de participar hoje do ato convocado pelo ex-presidente na avenida Paulista, em São Paulo. 

Por meio de sua assessoria, Zema confirmou ontem que estará com Bolsonaro no ato marcado para às 15h deste domingo (25/2), ao lado de outros governadores e parlamentares mineiros.

“Uma vez golpista, sempre golpistas”, afirmou o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), relator da CPMI.

“Zema não quis fazer nada contra quem ocupava ilegalmente a avenida Raja Gabaglia, passou a mão na cabeça dos golpistas aqui. Então o lugar dele é lá mesmo, entre os que querem golpe no Brasil, mas a democracia venceu e vai vencer de novo, e pessoas como o Zema vão passar pela história como negacionistas, que é o caso dele com as vacinas, e como golpista. É triste ter um governador desses no Estado de Minas Gerais”, criticou o parlamentar se referindo ao acampamento montado pela extrema-direita em frente ao quartel do Exército, na capital mineira, e também à decisão recente do governador de desobrigar a vacinação para matrícula na rede pública. O acampamento da Raja foi desmontado por determinação do prefeito Fuad Noman, que usou o Código de Postura para retirar os manifestantes do local, depois que eles agrediram a imprensa.



O deputado assegura que o governo federal não teme que o ato bolsonarista hoje seja um repeteco do 8 de janeiro de 2023. “O que Bolsonaro quer fazer com a ultra direita é uma chantagem em relação ao Supremo Tribunal Federal e ao país para não ser punido. Mas será. Fui relator e membro da CPMI do Golpe e o processo é muito claro. Houve uma tentativa de golpe articulada por ele”, afirma o parlamentar. “Mauro Cid já contou tudo. E Anderson Torres vai recontar”, afirma.

O tenente-coronel Mauro Cid era ajudante de ordens de Bolsonaro e em sua delação premiada feita à Polícia Federal disse que o ex-presidente teria tentado articular um golpe de estado para permanecer no poder. Seu depoimento deu origem, no começo deste mês, à Operação Tempus Veritatis , que teve como alvo o ex-presidente e seus aliados. Em latim, o nome da operação significa “tempo da verdade” e faz alusão à suposta tentativa de golpe de Estado. Já Anderson Torres foi ministro da Justiça de Bolsonaro e semana passada depôs por cerca de cinco horas na PF sobre a suposta tentativa de golpe.


Também integrante da CPMI, a deputada federal Duda Salabert (PDT) comentou sobre a participação do governador mineiro no ato de hoje. “Romeu Zema construiu sua trajetória política marcada por posturas que flertam, e em algum momento abraçam, forças antidemocráticas”, disse. Segundo Duda, Zema vai à Paulista abraçar “forças antidemocráticas” que estão com ele desde o início. “Forças antiambientais, golpistas e, até em algum momento ,fascistas. Então nenhuma surpresa. Surpresa seria se ele não fosse”, afirma.

Um deles, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), um dos principais apoiadores de Bolsonaro e aliado de Zema, também integrou a CPMI.

Além de Zema, outros políticos mineiros irão marcar presença no ato convocado por Bolsonaro, onde são esperadas 700 mil pessoas, quatro governadores e cerca de cem parlamentares. Destes, ao menos dez são mineiros.

Outro lado

O governador Zema foi procurado para comentar as críticas, mas ainda não respondeu à solicitação da reportagem.  

Confira a lista dos mineiros confirmados* no evento

Governador Romeu Zema (Novo)
Senador Cleitinho (Republicanos)
Deputado federal Domingos Sávio (PL)
Deputado federal Eros Biondini (PL)
Deputado federal Junio Amaral (PL)
Deputado federal Nikolas Ferreira (PL)
Deputado federal Zé Vitor (PL
Deputado federal Maurício do Vôlei (PL)
Deputado estadual Bruno Engler (PL)
Deputado estadual Caporezzo (PL)
Deputado estadual Eduardo Azevedo (PL)

*Os nomes foram confirmados em contato direto com os parlamentares ou assessores

(Com Vinicius Prates)

 

 

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