O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, condenou a ocupação de Israel em Gaza e disse que a operação militar é uma "punição coletiva". O titular da pasta discursou nesta segunda-feira (26/2), durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça.
Durante a reunião, o ministro também condenou os ataques do grupo terrorista Hamas, que desencadeou o conflito em outubro de 2023. “Nossa profunda indignação com o que acontece em Gaza. Em mais de uma oportunidade condenamos os ataques impetrados pelo Hamas e demandamos a libertação imediata e incondicional de todos os reféns", afirmou ele.
Almeida ainda disse esperar que a ONU reconheça as ocupações israelenses em territórios palestinos como ilegais. Ele também citou o artigo II da Convenção de 1948, que discorre sobre a prevenção e punição para crime de genocídio, dizendo que Israel deve cumprir integralmente medidas para que seja interrompida qualquer violação dos direitos humanos.
"Também nosso repúdio à flagrante desproporcionalidade do uso da força por parte do governo de Israel. Uma espécie de punição coletiva que já ceifou a vida de quase 30 mil palestinos, a maioria deles mulheres e crianças", disse o ministro.
Alinhado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a diplomacia brasileira, o ministro defendeu a criação de um Estado Palestino livre e soberano como uma “condição imprescindível para a paz”.
Silvio Almeida ainda participou de um encontro com governantes e diplomatas para discutir a crise no Oriente Médio, horas depois da reunião do Conselho. Segundo o jornalista Jamil Chade, colunista do UOL em assuntos da ONU, o ministro defendeu uma investigação para apurar o crime de genocídio.
“Podemos estar testemunhando o crime de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, tendo em vista as evidências de deslocamento forçado e limpeza étnica", disse.
Crise diplomática
Nas últimas semanas, um discurso do presidente Lula comparando a operação militar de Israel com o Holocausto promovido pelo governo da Alemanha Nazista causou uma crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o presidente brasileiro cruzou uma "linha vermelha".
Lula foi considerado “persona non grata” em Israel, mas não amenizou o tom em outros discursos. Na última sexta-feira (23/2) o petista disse que não troca a dignidade pela falsidade, voltando a frisar que Israel promove um genocídio em Gaza.