O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (29/2) não ter conversado com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, sobre o conflito com a Venezuela envolvendo a região de Essequibo. O petista afirmou ainda que não irá tratar do tema com Nicolás Maduro, com quem deve se reunir amanhã (1º/3).

De acordo com o brasileiro, o tema não foi tratado por não estar na pauta da reunião com Ali, que discutiu especialmente investimentos e projetos de desenvolvimento e infraestrutura na região. Lula destacou, porém, que o Brasil defende uma saída pacífica e que está disponível para participar das negociações.



"Não era o momento de discutirmos (Essequibo), era uma reunião bilateral para discutir desenvolvimento, para discutir investimentos. Mas o presidente Irfaan sabe, como sabe o presidente Maduro, que o Brasil está disposto a conversar com eles a hora que for necessário, quando for necessário, porque nós queremos convencer as pessoas que é possível, através de muito diálogo, encontrar a manutenção da paz", respondeu Lula ao ser questionado por jornalistas após a reunião.

O encontro não foi a portas fechadas, e contou com ministros brasileiros e guianenses. Entre os presentes estavam Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Desenvolvimento Regional (Waldez Góes) e Renan Filho (Transportes).

"Da mesma forma, eu não foi discutir com o presidente Maduro essa questão, porque a reunião não é para isso. Vou discutir a Celac [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos]. Vou encontrar o Maduro lá. Não pretendo discutir [Essequibo]", disse ainda Lula. Em sua visão, a disputa não se resolverá tão cedo, já que perdura há mais de um século.

 

Venezuela reivindica região


O governo de Maduro quer anexar Essequibo, região pertencente à Guiana. A disputa não é recente e já foi arbitrada pela Corte Internacional de Justiça, que decidiu a favor da Guiana. Porém, o contencioso se acirrou após a descoberta de grandes reservas de óleo e gás na região, o que impulsionou a economia guianense.

No ano passado, Maduro chegou a ameaçar uma invasão militar. O Brasil agiu para intermediar a crise, assim como outros países da região, incluindo São Vicente e Granadinas. Desde então, não houve escalada.

"O Brasil tem uma decisão de que o mundo não comporta mais atrito. O mundo precisa encontrar paz, para a gente poder construir um mundo mais humanitário, mais solidário, com menos sofrimento", destacou o presidente Lula.

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