Cotado como pré-candidato ao governo de Minas em 2026, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), é hoje o principal articulador das bancadas mineiras na Câmara e na Assembleia Legislativa para tratar dos problemas do estado e das demandas da oposição e da base do governador Romeu Zema (Novo). Em dois dias consecutivos, ele recebeu deputados de oposição e aliados do chefe do Executivo.
Enquanto Zema tem dificuldade em dialogar, principalmente com a União e com a bancada de oposição, o senador tem bom trânsito com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e é hoje o interlocutor mais importante com o Palácio do Planalto para as tratativas em torno da dívida de Minas com a União, estimada em R$ 160 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional de março de 2023, maior problema do governo de Minas.
Na segunda-feira e nesta terça (5/3), Pacheco recebeu uma comitiva de deputados estaduais mineiros para discutir a dívida de Minas Gerais com a União, além de demandas dos municípios mineiros. Dessa vez, ele se reuniu com deputados da base de Zema. Na segunda-feira, ele se encontrou com a bancada de oposição. E, nos próximos dias, deve se reunir com Zema e com o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), também para discutir o endividamento do estado e o acordo de refinanciamento dos débitos.
De acordo com o senador, o principal assunto das conversas é a repactuação da dívida, além da preocupação que causa em todos os mineiros, que tem que ser definida até o dia 20 de abril, caso contrário o estado terá que voltar a pagar as parcelas da dívida, colocando em risco o apertado caixa do estado. “Reafirmei aos parlamentares, em razão da urgência, que o tema será tratado com a prioridade necessária, nas próximas semanas, com a participação de todos os envolvidos na busca pela solução desse problema que aflige todos os mineiros”, declarou Pacheco.
O governo de Minas aguarda uma posição do Ministério da Fazenda sobre a proposta alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) que Zema tentou, sem sucesso, aprovar na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A proposta de repactuação da dívida apresentada por Rodrigo Pacheco prevê a elaboração de uma espécie de Refis para os estados, acompanhado de medidas como a federalização das empresas públicas estaduais, a antecipação do crédito de Minas que possui com a União, em razão de acordo pela compensação de perdas financeiras decorrentes da Lei Kandir, que desonerou a exportação de commodities, impactando significativamente a arrecadação do estado, um dos maiores exportadores de minério do ferro do país.
Além disso, a proposta prevê a cessão dos créditos da ação judicial movida contra as mineradoras envolvidas nos rompimentos de barragens de Mariana e Brumadinho para a União, com a condição de que os recursos sejam aplicados em Minas. A iniciativa já foi apresentada ao presidente Lula, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao presidente da ALMG, e ao governador.
Rodrigo Pacheco também avaliou com os parlamentares outras demandas dos municípios de Minas. “Entre as questões levantadas pelos parlamentares, estão o fortalecimento do agronegócio mineiro, investimentos nas rodovias, no transporte público e na saúde”, destacou.