Os presidentes dos clubes militares - Exército, Aeronáutica e Marinha - estão convidando seus associados para a realização de um ato para lembrar, segundo eles, os "60 anos do movimento democrático de 31 de março de 1964". Os militares vão exaltar o golpe que derrubou o presidente João Goulart e implantou uma ditadura no país de 21 anos.
O evento se dará num almoço por adesão que ocorrerá em 27 de março na Sede Esportiva Lagoa do Clube Militar, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. No convite, a que o Correio teve acesso, é destacada a frase "a história que não se apaga e nem se reescreve", de autoria atribuída ao general Gleuber Vieira, que foi o comandante do Exército no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
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No ato, haverá uma "alocução alusiva" ao golpe, um discurso que será feito pelo general Maynard Santa Rosa, que com frequência se manifesta sobre a data nos meios militares. Ele já afirmou que "o legado de desprendimento, coragem e patriotismo de 31 de março de 1964 permanece vivo e inapagável, para exemplo da honra de uma geração às gerações futuras".
No início do governo de Jair Bolsonaro, Santa Rosa ocupou a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE),mas deixou o cargo no final 2019 e saiu se queixando de falta de apoio do governo à sua gestão.
Como revelou o Correio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou o cancelamento de atos, solenidades e discursos de seus ministros e de outros integrantes do governo de críticas ao golpe militar.
Para evitar atritos com as Forças Armadas, Lula não quer "provocações" e sua decisão está sendo tratada dentro do governo como uma "ordem expressa".
A decisão de Lula foi reprovada por familiares e vítimas do regime, historiadores, estudiosos do período e também de militantes e entidades de direitos humanos. Apesar da orientação do petista, esses segmentos decidiram manter as manifestações contrárias ao golpe.