A busca pelos holofotes é uma demanda óbvia em qualquer corrida eleitoral, mas se apresenta com um peso especial no pleito pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em 2024. A pouco mais de seis meses para ir às urnas, o eleitor da capital mineira ainda está indeciso sobre o número a ser digitado em outubro, como revela pesquisa encomendada pelo Estado de Minas ao Instituto Opus. Um dos fatores que pode explicar o quadro da disputa na cidade é o desconhecimento dos nomes que despontaram como possíveis concorrentes.
Em cenário estimulado de primeiro turno, largam na frente o deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos) e o senador Carlos Viana (Podemos), ambos com histórico na apresentação de telejornais de redes de televisão aberta. Os dois também são os únicos a não terem um percentual dos entrevistados que diz desconhecê-los maior do que sua rejeição ou intenção de voto. Esta é a pintura apresentada pela pesquisa registrada na Justiça Eleitoral sob o código MG-05905/2024, realizada nos dias 12 e 13 de março, ouvindo 600 eleitores de BH presencialmente e com uma margem de erro de 4,1 pontos percentuais.
Ao serem interpelados com o nome de Mauro Tramonte, apenas 14,5% dos entrevistados disseram não conhecer o jornalista. Apenas 22,8% deram a mesma resposta sobre o colega de profissão, Viana. Na sequência, no índice de desconhecimento, aparece Fuad Noman (PSD), que, mesmo sendo o atual prefeito, não é reconhecido por 42,7% dos eleitores que responderam ao questionário. O ranking do anonimato segue com a deputada federal Duda Salabert (PDT), com 43,2%; o deputado federal Rogério Correia (PT), com 45%; o deputado estadual Bruno Engler (PL), com 53,7%; o presidente da Câmara Municipal de BH, Gabriel Azevedo (MDB), com 60,3%; o deputado federal Pedro Aihara (PRD), com 64,3%; a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), com 65,5%; e a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto (Novo), com 66,3%.
O diretor do Instituto Opus Consultoria & Pesquisa, Matheus Dias, avalia que o caráter ainda incipiente das campanhas ajuda a explicar o atual desconhecimento dos pré-candidatos por parte do eleitor. Ele também avalia o alto percentual de Fuad entre aqueles que afirmam não saber quem é o prefeito. O atual gestor, no entanto, tem melhorado a métrica, já que, em maio do ano passado, apenas 20% dos belo-horizontinos sabiam que ele estava no comando da cidade.
“Como não existe uma campanha posta e efetiva na cidade, saem na frente aqueles candidatos que são mais conhecidos pelo eleitor. Quando a gente olha o nível de conhecimento do prefeito, temos que 42,7% dos entrevistados não o conhecem, o que é um grande problema para quem já vai completar dois anos no cargo e já teve todas as oportunidades para se apresentar aos eleitores. Como Tramonte e Viana já são mais conhecidos por parte dos eleitores, isso ajuda nesse desempenho que eles têm na pesquisa, tanto nos cenários de primeiro como de segundo turno”.
Rejeição a níveis similares
Dias destaca ainda que a busca pura e simples por tornar-se conhecido pelo eleitor não vai se transformar em mais chances de vitória. A pesquisa feita pela Opus também incluiu no questionário como o respondente avalia as chances de digitar nas urnas o número do concorrente, item que requer outros esforços além do trabalho de divulgação do nome e rosto dos pretendentes à cadeira de prefeito de Belo Horizonte.
Leia também: Zema anuncia medida para 'proteger' a produção de leite em Minas Gerais
“Os candidatos têm que se tornar conhecidos, mas não apenas isso. Eles precisam se tornar conhecidos mostrando uma mensagem uma proposta para Belo Horizonte que vai de encontro a esses anseios do eleitorado. Ficar conhecido com uma mensagem vazia é uma árvore sem raiz, então não é só se apresentar. É preciso se apresentar e mostrar qual será o planejamento para a cidade, para essa capital tão importante a nível nacional”, disse o pesquisador.
Mesmo com índices distintos de popularidade e aprovação, a rejeição de todos os candidatos elencados na pesquisa é bastante similar e varia dentro da margem de erro. Duda Salabert tem o maior percentual de eleitores que rejeitaram a hipótese de voto, com 31,2%. O menor é o de Luísa Barreto, com 28%.