O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta terça-feira (26/3), o bloqueio à candidatura de Corina Yoris, nome escolhido pela principal força de oposição contra o chavismo nas eleições de julho na Venezuela.
A nota divulgada pelo Itamaraty nesta terça tem tom crítico contra o regime do ditador Nicolás Maduro e marca uma inflexão em relação à postura até então adotada por Lula, de preservar o aliado sul-americano.
A Plataforma Unitária desejava registrar a candidatura de Corina Yoris, indicada como substituta de María Corina Machado, que venceu com folga as primárias da aliança opositora no ano passado. María Corina era favorita nas pesquisas, mas foi inabilitada para exercer cargos públicos por 15 anos.
A coalizão opositora denunciou que foi impedida de incluir seu candidato na disputa. Sem citar nominalmente a opositora, o ministério das Relações Exteriores afirmou que o impedimento do registro "não é compatível com os acordos de Barbados".
- Moraes nega pedido de Bolsonaro para arquivar inquérito da vacina
- Conselho da OAB diz que fim da ‘saidinha’ é inconstitucional
Os acordos foram entendimentos entre o regime Maduro e a oposição que permitiram a convocação das eleições deste ano. No entanto, houve recrudescimento da perseguição a opositores de Maduro nos últimos meses, incluindo a inabilitação de Machado e a prisão de diversos opositores. "O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial", prossegue o comunicado.
O Itamaraty também diz na nota que o governo Lula "acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país".
"O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil", prossegue a nota.
Leia também: Conselho da OAB diz que fim da ‘saidinha’ é inconstitucional