FOLHAPRESS - O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, fez nesta quarta-feira (27/3) mais uma cobrança pública em frente ao presidente Lula (PT) por recursos para a a força.
Ele apontou "desafios orçamentários" para executar o Prosub (programa de submarinos) e o plano nuclear da Marinha. O discurso foi feito em cerimônia na qual também estava presente o presidente da França, Emmanuel Macron, parceiro no projeto.
"Uma ainda acanhada mentalidade de defesa por parte da sociedade brasileira, associada à baixa percepção de ameaças, impõem em particular desafios orçamentários e financeiros à execução do Prosub e ao programa nuclear da Marinha com potencial de danos relevantes à pesquisa científica, à geração de emprego e renda digna", disse o comandante da Marinha.
A queixa faz parte da ofensiva de militares em favor da chamada PEC das Forças, que destina 2% do PIB para investimento no setor. Como a Folha de S.Paulo mostrou, a Marinha participou da articulação da proposta feita pelo senador oposicionista Carlos Portinho (PL-RJ) e tenta movimentos para mostrar apoio popular a ela.
Essa não é a primeira vez que Olsen fala sobre as dificuldades financeiras publicamente em evento com Lula. Em dezembro, ele se queixou da "obsolescência dos meios navais".
"A concepção de um poder naval crível não pode ser posta ao efêmero e inesperado. A Marinha resiste à marcha da obsolescência dos meios navais; insta, no decurso, por reaparelhamento para o eficaz cumprimento da destinação constitucional; e das atribuições subsidiárias adjudicadas à Autoridade Marítima Brasileira", afirmou o comandante na ocasião.
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Marinha
Dias antes, a Marinha promoveu uma cerimônia pública de desativação de um navio. No texto enviado à imprensa, a Força citou que o evento marcava o início do processo de desativação até 2028 de 43 embarcações, cerca de 40% dos meios operativos da Força até 2028. O documento defendia a aprovação da PEC.
"Estudar possibilidades para permitir a elevação gradual do orçamento da Defesa é, portanto, determinante para que as Forças Armadas atinjam a capacidade operacional plena. Ressalta-se, também, que os investimentos em defesa são intensivos na geração de empregos e no desenvolvimento de ciência e tecnologia, trazendo inúmeros benefícios sociais para o Brasil", concluía o comunicado.
No mesmo evento, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, agradeceu ao presidente a atenção dada ao setor. "Reitero o agradecimento ao senhor, presidente Lula, por suas preocupações constantes e pela sensibilidade pelas legítimas e justificadas demandas das nossas Forças Armadas."
Em seu discurso, Lula defendeu a ampliação da cooperação militar com a França.
"Temos que nos preocupar com a nossa defesa. Não porque queremos guerra, mas porque queremos paz. Um país que quer se proteger e cuidar do seu povo, tem que se preocupar com solo, ar, e mar. Mas sobretudo, temos que nos preocupar com a tranquilidade dos 203 milhões de pessoas ao nosso país."