No xadrez do jogo político brasileiro, a abertura da janela partidária – período em que os parlamentares podem trocar de partido sem serem punidos pela Justiça Eleitoral – desencadeia movimentos estratégicos entre os vereadores. A manobra não é diferente na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). O período, que se encerra na próxima sexta-feira (5/4), é crucial para os vereadores realinharem suas alianças.
Conforme levantamento feito pelo Estado de Minas, pelo menos 12 dos 41 vereadores decidiram mudar de partido neste período. Além disso, o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo, que permaneceu sem filiação partidária por um longo período, recentemente se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
O maior foi movimento político foi para o MDB, que ganha o reforço de mais três parlamentares e ainda há possibilidade de um quarto. A sigla foi escolhida por Gabriel Azevedo para lançar a sua pré-candidatura à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para as eleições deste ano. Juntam-se ao emedebista os vereadores Cleiton Xavier, Henrique Braga e Loide Gonçalves, que deixarão, respectivamente, o Partido da Mobilização Nacional (PMN), o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o Podemos.
O vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares também está cogitando integrar a sigla. No entanto, apesar de estar inclinado ao MDB, o parlamentar disse ao Estado de Minas que também está em diálogo com o partido Solidariedade. “Fui convidado pelo MDB e o projeto que me foi apresentado é muito bom. No entanto, já estava em tratativas com o Solidariedade, que devem avançar essa semana. Devo definir essa questão no início da semana que vem”, afirmou.
Por outro lado, o partido Republicanos também registra um ganho em seu quadro com a adesão de mais três nomes. Passam a integrar a sigla os vereadores Ciro Pereira, Irlan Melo e Ramon Bibiano da Casa Apoio. Ciro e Irlan deixam o Partido Renovação Democrática (PRD), enquanto Ramon deixa o Partido Social Democrático (PSD). Recentemente, o vereador Fernando Luiz também migrou do PSD para o Republicanos.
Ao Estado de Minas, o vereador Irlan Melo disse que a mudança partidária é um passo importante para uma de suas pautas: uma possível segunda área de escape do Anel Rodoviário. Ele também comenta sobre a luta das pessoas com deficiência (PCDs).
“O partido abrirá espaço para minha luta pela segunda área de escape no nosso Anel Rodoviário junto a Brasília. Vou desenvolver também a área da pessoa com deficiência dentro do partido, que é uma bandeira do nosso mandato”, declarou o parlamentar.
De “malas prontas”, o vereador Ciro Pereira, que se filia hoje, disse que a nova sigla dialoga melhor com as suas pautas. “Hoje ainda vou me filiar ao partido. É o partido que mais cresce no Brasil, um partido com pauta conservadora e um partido de diálogo, o que tem tudo a ver comigo”, disse ele à reportagem.
Estas recentes filiações ao MDB e ao Republicanos – com a exceção da do presidente da Casa, Gabriel Azevedo, e do vereador Fernando Luiz – foram formalizadas na última quinta-feira (28/3), em uma reunião realizada na Casa Legislativa.
Nesta virada de jogo, o PL também ganhou dois parlamentares. Cláudio do Novo Mundo, que deixou o PSD; e Marilda Portela, que saiu do Cidadania. Já o vereador Wagner Ferreira deixou o Partido Democrático Trabalhista (PDT) para ingressar no Partido Verde (PV). O vereador Reinaldo Gomes, o Preto Sacolão, também está de mudança. De acordo com o presidente estadual do MDB, deputado federal Newton Cardoso Jr., Reinaldo deixou a sigla. No entanto, informações sobre qual será a próxima legenda do vereador não foram passadas à reportagem até o fechamento deste material.
NOVAS BANCADAS
Com a dança das cadeiras, a CMBH também ganha nova configuração. A partir da próxima segunda-feira (1º/4), a Casa Legislativa terá duas bancadas independentes, uma do MDB e outra do Republicanos. Com as mudanças, caso o vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares bata o martelo pelo MDB, a sigla passa a ter cinco vereadores. Já o Republicanos totaliza quatro vereadores. Os novos membros da legenda se juntam aos vereadores Jorge Santos e Fernando Luiz, o último recém filiado.
As bancadas foram definidas na mesma reunião em que foram formalizadas as filiações. Segundo a assessoria da CMBH, até segunda-feira, a bancada do MDB e do Republicanos decidirão a liderança e a vice-liderança.
A chamada janela partidária é o intervalo de 30 dias em que os vereadores podem mudar de partido sem o risco de perder o mandato. Neste ano, o prazo se iniciou em 7 de março e vai até 5 de abril. A medida foi regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e busca reforçar a fidelidade partidária para cargos obtidos em eleições proporcionais. Segundo a determinação, o mandato pertence ao partido e não à candidatura eleita.