Com 240 mil habitantes e 170 mil eleitores, Divinópolis já tem intensas articulações de pré-candidatos para o pleito de outubro

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Com 240 mil habitantes e 170 mil eleitores, Divinópolis já tem intensas articulações de pré-candidatos para o pleito de outubro Tags

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Amanda Quintiliano e Brener Mouroli

 

A polarização nacional entre direita e esquerda deve refletir diretamente nas eleições municipais deste ano em Divinópolis, maior município do Centro-Oeste de Minas Gerais, com 240 mil habitantes e 170 mil eleitores. Os partidos se articulam em dois grupos: apoio à reeleição do prefeito Gleidson Azevedo (Novo) – irmão do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) – e oposição à atual administração.

 


Em um cenário atípico, a cidade que chegou a ter nove candidatos em 2020, caminha para lançar, estrategicamente, apenas dois em 2024. A ideia é unir a oposição para fortalecer um único nome alternativo ao de Azevedo em um município conservador. Em 2022, Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, venceu no município com 55,64% dos votos válidos no segundo turno contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 


Para combater a extrema direita, a presidente do PSD Mulher, Laiz Soares (PSD), volta à disputa após perder para o atual prefeito em 2020. Ela terminou o pleito na terceira posição, com 21,5 mil votos. Laiz tem como “madrinha” a deputada estadual Lohanna França (PV). A articulação junto à parlamentar rendeu a ela a antecipação de apoio do PV e do PCdoB à pré-candidatura. Contudo, para consolidar-se, ainda é preciso correr atrás do PT, que integra a federação.

 


“Estamos construindo uma frente ampla aos moldes da frente ampla que o presidente Lula construiu. Acho que a adesão [do PT] será natural, só está sendo lenta”, afirma Laiz. Focado na formação da chapa proporcional, o PT sinalizou apoio a Laiz, mas ainda sem falar abertamente. “Neste momento, a prioridade nossa é a de vereança. Logo que encerrarmos essa etapa, já temos uma conversa na federação. Mas, por enquanto, o PT não tem posição oficial ou definitiva a nomes para a chapa majoritária”, afirmou o presidente do diretório municipal, Manoel Cordeiro.

 


Enquanto isso, a presidente do PSD Mulher tem conversado com lideranças políticas descontentes com a atual gestão. O ex-prefeito Galileu Machado (sem partido) é uma das apostas. Recentemente, ele perdeu a condução do MDB, após 48 anos de filiação e atribui a responsabilidade ao senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) por ter pego o diretório local para beneficiar aliados.

 


Laiz também busca uma relação mais estreita com o ex-prefeito Demetrius Pereira (PSB), aliado de Lula. “Estamos lutando contra bolsonarismo antidemocrático, autoritário. Estamos unindo todas essas forças porque será um desafio gigantesco combater esse populismo barato das redes sociais”, enfatizou. PDT, Rede e, mais recentemente, a federação formada por Cidadania e PSDB sinalizaram apoio à pré-candidata. Laiz cita também alinhamento com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), além de ter o entusiasmo e envolvimento dos presidentes nacional e estadual do PSD, Gilberto Kassab e Cássio Soares, respectivamente.

 


Se, por um lado, a candidatura à reeleição de Gleison Azevedo é tratada como certa por aliados, por outro, ele não dá garantias. Questionado pela reportagem, ele foi sucinto: “Não me decidi ainda se vou vir para reeleição”. Apoiador declarado de Jair Bolsonaro em 2022, ele tem demonstrado proximidade com o PL a partir de uma relação mais estreita com o deputado federal e presidente do partido em Minas, Domingos Sávio. No último dia 23 de março, o PL realizou o encontro regional em Divinópolis. Apesar da presença de Cleitinho, o prefeito não participou, justificando que estava acompanhando o pai no hospital. O senador não quis se comprometer diretamente. “Isso é um acordo entre meu irmão e Domingos”, afirmou.

 


Uma das possibilidades, inclusive, confirmada por Gleidson, é de ele deixar o Novo – do governador Romeu Zema - para filiar-se ao PL. Desta forma, consolidando o apoio do partido e evitando um possível racha ou desgastes. O PL tem como meta lançar candidaturas em municípios com mais de 100 mil eleitores. “Teremos candidatura própria do PL combatendo o PT de maneira clara (...) O PL, é hoje, um grande partido nacional que assume claramente uma condição de oposição ao PT, de oposição à esquerda. Então, se não tiver uma candidatura [ao Executivo] que represente esse sentimento, é como se a cidade ficasse sem opção”, argumenta Domingos Sávio. Embora convicto de uma candidatura própria, o presidente estadual do PL acredita em alinhamento. “Não estou fechado ao diálogo com o prefeito, com o senador, porque nós entendemos ser boa uma união em favor de Divinópolis, em favor do Brasil” 

 

SÉRIE

 

Essa reportagem sobre a disputa eleitoral em Divinópolis faz parte de uma série sobre a pré-campanha nos principais municípios de Minas Gerais. A série foi iniciada em 3 de março, mostrando como está a disputa em Uberlândia, no Triângulo. Em seguida, foram publicadas reportagens sobre Uberaba, Araxá, Montes Claros, Governador Valadares, Juiz de Fora e Ipatinga.