O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deu mostras, ontem, de que está alinhado com o governo e festejou, pelas redes sociais, o crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, em 2023. Há poucos dias, ele conseguiu obter do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o cumprimento do calendário para a liberação de emendas — e até festejou o acordo num encontro com líderes partidários em um jantar no Palácio da Alvorada.



"O Brasil teve a boa notícia de que o PIB do ano passado cresceu 2,9%, gerando mais riquezas e empregos. O crescimento foi resultado do estupendo desempenho da agropecuária que cresceu 15,1% em 2023 em relação ao ano anterior, um recorde histórico!", publicou Lira no X (antigo Twitter).

Segundo o presidente da Câmara, "a supersafra de 319,9 milhões de toneladas de grãos no ano passado e os bons preços no mercado internacional ajudaram a alavancar a economia brasileira". E completou: "Assim como a aprovação de medidas econômicas pelo Congresso Nacional que criaram um ambiente positivo para o crescimento do PIB nacional".

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Porém, houve no governo federal quem enxergasse que a menção que fez ao agro no tuíte seja, também, um aceno para a bancada ruralista na Casa, com vistas à sucessão de Lira no comando da Câmara. Esse, porém, é um assunto que o Palácio do Planalto pretende manter equidistância, uma vez que caso acene simpatia por algum candidato isso pode se tornar um obstáculo mais adiante.

Preferência

Lira, porém, pretende ir à luta para fazer seu sucessor e, segundo interlocutores, já incluiu o apoio do Planalto nesse cálculo. O presidente tem preferência por Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que sofre de rejeição de parte da base governista por considerá-lo um bolsonarista disfarçado — e que, uma vez alçado ao comando da Câmara, atuaria fora da órbita de influência de Lira.

Dessa maneira, o atual vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), ganha força, o que é visto com simpatia pelos articuladores do governo. Como presidente do partido criado pelo bispo Edir Macedo, e um dos mais graduados pastores da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), teria a capacidade de fazer com que os evangélicos tornassem mais densa a base do Planalto. Outro efeito seria o isolamento dos bolsonaristas do segmento, liderados por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ligado ao pastor Silas Malafaia — inimigo declarado do presidente da República.

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Corre por fora o deputado Antonio Brito (PSD-BA), que pode ganhar tração na sucessão de Lira por duas razões: seu partido tem três ministérios — Carlos Fávaro, da Agricultura; André de Paula, da Pesca; e Alexandre Silveira, das Minas e Energia. Além disso, o presidente da legenda, Gilberto Kassab, tem profunda relação de amizade com Lula.

 

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