O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, foi confrontado na segunda-feira (11/3), por mais de sete horas, com questionamentos sobre o que ele sabe em relação a uma trama golpista que foi deflagrada no final de 2022 por integrantes do Poder Executivo, políticos de outros setores e por militares das Forças Armadas. Cid, que firmou um acordo de delação com a Polícia Federal levou até os investigadores informações que abalaram a política nos últimos meses.

 



 

Ontem, de acordo com fontes ligadas às investigações, ouvidas pelo Correio, o militar reforçou a existência de articulações para minar o resultado das eleições e tentar manter no poder Jair Bolsonaro mesmo após ele ser derrotado no pleito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mauro Cid respondeu a dezenas de perguntas ao longo de todo o tempo em que esteve dentro da sede da corporação, em Brasília. Ele foi questionado sobre declarações de outros investigados, como do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército.

 

Cid afirmou que não participou de uma reunião de teor golpista realizada por Bolsonaro com ministros de Estado de seu governo em 2022. Mas destacou que se encontrou com Freire Gomes e os ex-comandantes da Marinha, Almir Garnier; e da Aeronáutica, Baptista Junior, e que foi apresentado a uma minuta golpista, que invalida o resultado das eleições e prenderia autoridades, como o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

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O ex-ajudante de ordens reforçou as declarações anteriores, onde destacou que foi informado que Bolsonaro pressionou comandantes militares para embarcarem na tentativa de golpe e detalhou a operacionalização do esquema. Cid chegou à sede da corporação por volta das 14 horas e ficou no local até às 22.

 

No curso das investigações, as equipes da Polícia Federal identificaram versões e informações divergentes entre os detalhes dados por Cid e por outras pessoas ouvidas no inquérito, seja como investigadas ou testemunhas.

 

No dia 22 do mês passado, os investigadores ouviram 23 pessoas, em Brasília, no Rio, em São Paulo, no Paraná, em Minas Gerais, no Mato Grosso do Sul e no Espírito Santo. Elas são acusadas de envolvimento com uma organização criminosa que teria sido montada para atacar as instituições.

 

No entanto, dos 23 convocados para depor, 16 deles ficaram em silêncio. Entre os que se recusaram a falar estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, que alega não ter tido acesso a todos os documentos do inquérito, o ex-ministro Augusto Heleno, que foi chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

 

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