O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), compareceu à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) para prestar contas sobre a gestão da administração municipal referente ao ano de 2023. De acordo com o balanço apresentado pela prefeitura, foram arrecadados, ao longo de 2023, R$ 17,6 bilhões, ante as despesas de R$ 16,8 bilhões, que representa 98% do previsto para o ano passado.
De acordo com a PBH, a área da saúde lidera a destinação de recursos, totalizando R$ 5,7 bilhões de investimentos. O valor foi destinado a ações como a reconstrução de centros de saúde; plano de segurança das unidades de saúde; realização de cirurgias eletivas; entre outros.
Ao apresentar os números, Fuad destacou que as contas da prefeitura estão “sob controle”. “A parte orçamentária da prefeitura está absolutamente sob controle, sem nenhum tipo de crise. É claro que a saúde exige um investimento muito grande por conta da dengue. É um grande incremento de demanda, mas a situação da prefeitura é totalmente equilibrada", disse.
A prestação de contas ocorre após uma promessa de diálogo maior com os parlamentares da Câmara Municipal e de “apaziguação” entre o Executivo e o Legislativo. Em um tom mais ameno, o vereador Gabriel Azevedo (MDB) afirmou que, embora haja discordância em algumas pautas da prefeitura, os conflitos com o Executivo são “página virada”.
“Acredito que hoje, dia 27 de março, nós temos um marco importante na relação entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Eu diria que a palavra que deve ser exaltada aqui é normalidade. Depois de alguns meses em que as relações entre os Poderes dessa cidade visivelmente contavam com pessoas que não deveriam se intrometer nessa institucionalidade, nós passamos a ter mais uma vez o que é normal no município: o prefeito conversa com o presidente da câmara e o presidente da câmara conversa com o prefeito”, ressaltou o presidente da CMBH.
Saúde
Um dos questionamentos feito à gestão municipal foi referente às ações de combate à dengue. Em resposta ao vereador Álvaro Damião (União Brasil), o secretário de saúde de Belo Horizonte, Danilo Borges Matias, disse que no ano passado foram investidos R$ 100 milhões para ações de prevenção. “Belo Horizonte já previa que a gente teria uma epidemia muito forte de dengue, tanto que mais de R$ 100 milhões de reais foram investidos em 2023 em ações de prevenção”, explicou.
O secretário citou também o ciclo de epidemia, que ocorre, geralmente, de três em três anos. “Hoje nós podemos dizer que Belo Horizonte, Minas Gerais e o Brasil enfrentam a maior epidemia de dengue da história, e, provavelmente a última, porque na próxima, que geralmente acontece a cada três anos, a gente vai estar com essa nova arma, que é a vacinação”, pontuou.
Obras
Outro ponto levantado pela prefeitura são as obras na cidade. De acordo com o balanço, a Prefeitura destinou R$ 2,7 bilhões para infraestrutura, sendo R$ 957,2 milhões para obras e ações de manutenção.
Durante apresentação do balanço, a prefeitura também destacou a educação como uma das prioridades do ano passado. Na apresentação, citaram a aquisição do antigo Colégio Imaculada Conceição; a parceria público-privada para a construção de quatro novas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEls); além da reinauguração da EMEl Pilar Olhos d'Água.
Protestos
A visita do prefeito à Casa Legislativa também foi marcada por protestos. A presença de público em reuniões estavam proibidas desde o ano passado após as vereadoras Iza Lourença e Cida Falabella, ambas do Psol, receberem ameaças anônimas de estupro e morte.
No local, manifestantes protestavam contra a realização da etapa da Stock Car em Belo Horizonte, no entorno do Mineirão, na Região da Pampulha, prevista para acontecer em agosto deste ano. O público também manifestou-se contrário aos cortes de árvores realizados pela prefeitura.
Durante a prestação de contas, o prefeito também foi questionado sobre a realização do evento. No entanto, esquivou de todas as perguntas referentes ao tema. Críticas contra o fechamento do Aeroporto Carlos Prates também foram expostas.
Avaliação da prestação
Na avaliação do presidente da CMBH, Gabriel Azevedo, a prestação de contas do prefeito expõe que a gestão tem “muitas falhas”.
“Em primeiro lugar, nós estamos numa cidade que as creches estão correndo o risco de fechar. Nós estamos numa cidade que plantar árvores é algo que é considerado um crime. Eu acho que esse é um dos pontos que deixou a Câmara, inclusive, lotada de pessoas protestando. Temos problemas graves com a dengue, que não está sendo solucionada porque o Orçamento não foi gerido de maneira adequada. Então acredito que há uma série de problemas e os representantes do povo hoje tiveram a oportunidade de deixar eles bem evidentes. Mais do que resposta, a gente está querendo resultados. Várias das necessidades da população que são apontadas pelos vereadores estão completamente atrasadas”, disse o vereador.
“Estou sentindo que a Prefeitura está faltando com velocidade e capacidade de executar o que a população precisa”, completou Azevedo.