Prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD) -  (crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

Prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD)

crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press

Depois de exonerar quatro secretários municipais ligados ao secretário da Casa Civil, Marcelo Aro, da prefeitura de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), chefe do Executivo da capital, oficializou o nome de alguns substitutos pela manhã desta terça-feira (2/4).

 

Das quatro pastas que perderam seus líderes, apenas uma ganhou oficialmente um novo chefe: a secretária Municipal do Governo, responsável pela articulação das execuções municipais junto a órgãos e entidades, entre elas o Poder Legislativo.

 

O cargo agora será ocupado por Anselmo José Gomes Domingos, ex-deputado estadual por dois mandatos (2010-2018) pelo extinto Partido Trabalhista Cristão (PTC), que chegou a ser alvo de uma investigação conduzida pelo Ministério Público (MP) sobre supostas irregularidades relacionadas à verba indenizatória de seu gabinete na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

  

Anselmo nasceu em Campos Altos, no Alto Paranaíba, filho do também vereador José Domingos. Ele iniciou a carreira política ao lado do pai, na região do Barreiro, na década de 1980. Atualmente, ele está filiado ao União Brasil. 

 

Além de ter ocupado o cargo na Assembleia, o novo secretário de Fuad foi vereador de BH por cinco mandatos (2004-2010).

 

Ao contrário do antigo chefe da pasta, Castellar Neto, Anselmo tem proximidade com o presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), responsável pelo pedido de exoneração dos ligados ao grupo político de Marcelo Aro. Anselmo inclusive trabalhou no gabinete de Pacheco.

 

 

Castellar Neto era conhecido por ser o braço-direito de Aro dentro da Prefeitura de Belo Horizonte. Ele se viu envolvido em polêmicas quando os vereadores da oposição, liderados pelo presidente da Câmara dos Vereadores, Gabriel Azevedo (MDB) - rival do secretário de Zema -, o acusaram de ignorar projetos e dificultar articulações.

 

Durante seu mandato como chefe da Secretaria Municipal, responsável, entre outras coisas, pela interlocução com a Câmara Municipal, nenhum dos secretários da Prefeitura compareceu aos chamados dos opositores para prestar esclarecimentos na Câmara. 

 

Como adiantou o Estado de Minas, na coluna do jornalista Orion Teixeira, foi Rodrigo Pacheco que exigiu a saída da “Família Aro” na Prefeitura de Belo Horizonte. Esta foi a condição exigida pelo senador para alinhar-se à candidatura de reeleição de Fuad.

 

Vale relembrar que, nos últimos dois anos, Fuad já oficializou 18 trocas de secretários. Desde o final de março de 2022, quando assumiu a Prefeitura com a renúncia de Alexandre Kalil (PSD), 34 secretários diferentes passaram pelas 16 secretarias municipais. 

 

Até o momento, a saída dos indicados por Aro não deve gerar prejuízos ao prefeito na Câmara Municipal. Mesmo com as exonerações, os vereadores ligados ao secretário Romeu Zema (Novo) devem permanecer como base governista no Legislativo.

 

No entanto, as novas exonerações indicam um risco para a sobrevivência política de Marcelo Aro, que tinha aspirações de se candidatar ao governo em 2026. O secretário ganhou considerável influência política ao prometer a Romeu Zema que neutralizaria Alexandre Kalil (PSD), quando o ex-prefeito concorria ao governo de Minas Gerais. Ao conquistar a secretaria da Casa Civil, comprometeu-se com Fuad a eliminar Gabriel Azevedo.

 

No entanto, sem cumprir nenhuma dessas promessas, viu-se desafiado por Rodrigo Pacheco, que também foi fundamental para a vitória de Gabriel na Câmara, depois do vereador ter sido alvo de dois pedidos de cassação.

 

Os interinos de Fuad

 

Chyara Sales Pereira assume interinamente a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, antes ocupada pelo membro da “Família Aro”, Fernando Campos Motta.

 

Doutora em Relações Internacionais pela PUC Minas e Mestre em Sociologia pela UFMG, ela liderou a Assessoria de Relações Internacionais do Governo de Minas Gerais e atuou como consultora da FIEMG em cooperação internacional. Atualmente, é professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação de Relações Internacionais da PUC Minas. 

 

Gelson Antônio Leite também assume interinamente a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que antes era liderada por José Reis Nogueira de Barros, também ligado ao secretário da Casa Civil. O novo secretário também preside a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte. 

 

Por último, Fernanda de Siqueira Neves assume interinamente a Secretaria Municipal de Educação, substituindo Roberta Rodrigues Martins Vieira. Anteriormente, ela ocupava o cargo de Subsecretária de Gestão de Pessoas.

 

Conforme apurado pela reportagem, ainda não há um prazo estipulado para a oficialização/substituição dos nomes indicados por Fuad. O Estado de Minas questionou a PBH sobre o assunto, mas não obteve resposta.

 

Outros indicados

Além dos secretários exonerados, também é esperado que Fuad exonere 70 indicados em cargos comissionados nas secretarias comandadas pela “Família Aro”. O pedido também foi feito pelo senador Rodrigo Pacheco.

 

A expectativa é que todos deixem os cargos. Vale ressaltar que muitos deles serão candidatos a vereador.