O escritor indígena Ailton Krenak tomou posse nesta sexta-feira (5/4) na Academia Brasileira de Letras (ABL), em cerimônia no Petit Trianon, sede da ABL, no Rio de Janeiro.
Ailton Krenak é o primeiro indígena a se tornar um imortal na ABL. O novo integrante foi eleito em outubro de 2023 com 23 votos, em uma campanha em que também concorreu um parente, o escritor Daniel Munduruku, que teve quatro votos. A historiadora Mary Del Priore foi a segunda colocada, com 11 votos.
Escritor e ativista, Krenak vai ocupar a cadeira nº 5, antes ocupada pelo historiador José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto de 2023, aos 84 anos. O lugar já pertenceu à escritora Rachel de Queiroz, primeira mulher a ingressar na ABL, de 1977 a 2003, e ao médico Osvaldo Cruz, de 1912 a 1917.
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Nascido em Itabirinha (MG), na região do Vale do Rio Doce, o intelectual é autor das obras Ideias Para Adiar o Fim do Mundo, A Vida Não é Útil e Futuro Ancestral, lançadas pela Companhia das Letras. O ativista teve ainda papel fundamental na participação dos povos originários na Constituinte, em 1988.
Anistia
Atualmente, o escritor reside na Reserva Indígena Krenak, em Resplendor (MG). Os krenak e os guarani-kaiowá foram anistiados na última terça-feira (2/4) pelas perseguições sofridas durante a ditadura militar.
Na sessão da Comissão de Anistia, a presidente da comissão, Eneá Almeida, ajoelhou-se e pediu desculpas aos krenak em nome do Estado brasileiro. "Peço desculpas não apenas pelo que ocorreu durante a ditadura, mas por tudo o que ocorreu nesses 524 anos", pediu à matriarca do povo, Djanira Krenak.