BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) afirmou que o julgamento no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná que o manteve no mandato foi "técnico e impecável" e "representa um farol para a independência da magistratura frente ao poder político".
Em pronunciamento à imprensa ao final do julgamento, na noite desta terça-feira (9), o ex-juiz da Operação Lava Jato afirmou que "há juiz em Curitiba", que sempre teve a consciência tranquila e que o tribunal "preservou a soberania popular", respeitando os votos dos paranaenses.
"Sempre tive minha consciência tranquila em relação ao que foi feito em minha campanha eleitoral. Seguimos estritamente as regras, as despesas foram todas registradas", disse. "As ações rejeitadas estavam repletas de mentiras e de teses jurídicas sem o menor respaldo."
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Após o resultado, Moro saiu de seu gabinete no Senado de mãos dadas com a esposa, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP). O senador leu um texto que havia preparado e não quis responder a perguntas. O discurso durou menos de cinco minutos.
"Há ainda um caminho pela frente, e eu sei disso, mas eu espero que a solidez desse julgamento sirva como freio à perseguição absurda que eu e minha família sofremos desde o início deste mandato", disse com a voz embargada ao agradecer Rosângela e os filhos.
Senadores de oposição cumprimentaram Moro. Líder do PL, partido que acusa Moro ao lado do PT, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) disse que a decisão era uma "boa notícia". "O respeito aos seus eleitores foi dado pelo tribunal. Eu espero que continue assim."
Já o líder do PT no Senado, Beto Faro (PA), preferiu não comentar. "É um processo, vai ser julgado ainda no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Tem que aguardar. Não conheço o processo em si, não tenho como opinar", afirmou à reportagem após a decisão do TRE-PR.
Moro também foi cumprimentado pelo paranaense Flávio Arns (PSB), que integra a base do governo Lula (PT). Arns disse que o tribunal deu um sinal de respeito à população do Paraná.
"Eu penso que realmente o quadro foi bem analisado e se chegou à conclusão da condução correta dos recursos empregados pelo senador durante a campanha. E, de fato, isso é um sinal de respeito com a população do Paraná, que votou no senador Sergio Moro, que está representando o estado Paraná aqui junto com os colegas."
Senadores bolsonaristas ressaltaram a situação do senador Jorge Seif (PL-SC), que também corre o risco de perder o mandato. O julgamento dele no TSE começou na quinta-feira passada (4) e será retomado no próximo dia 16.
"Esse tipo de intimidação, essa questão da vingança está muito forte. Tem outro colega, o senador Jorge Seif, com a espada na cabeça, absolvido no estado dele por unanimidade, 6 a 0. Que coisa impressionante, estar com a espada na cabeça a qualquer momento para ser julgado", disse Eduardo Girão (Novo-CE).
O senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) afirma que o TRE paranaense deu uma "demonstração de lisura, de transparência e de respeito a milhões de paranaenses" e que "nada vai apagar o que Moro fez de bem para o Brasil".
"Fica aqui o registro da minha alegria, da comemoração. Nos tempos sombrios que vivemos hoje, o TRE do Paraná toma uma decisão, que é um sopro que anima o nosso coração a continuar nessa luta."
Moro foi absolvido nesta terça da acusação de abuso de poder econômico na campanha de 2022 por 5 votos a 2. Todos os juízes rejeitaram a acusação de uso indevido dos meios de comunicação social. Eles também não reconheceram indícios de caixa dois e triangulação de recursos.
Ainda cabe recurso ao TSE. Se condenado, Moro perde o mandato e se torna inelegível a partir de 2022, ficando impedido de concorrer a pleitos até 2030. Neste caso, novas eleições serão convocadas no Paraná para a cadeira no Senado.
As representações do PT e PL, que tramitam em conjunto, apontam que o senador teria feito gastos excessivos no pleito de 2022 e se beneficiado da pré-campanha à Presidência da República ?quando estava no partido Podemos.
Uma das controvérsias ao longo do processo foi justamente a definição de quais despesas seriam ou não de pré-campanha, para avaliar se houve ou não desequilíbrio na disputa.