O presidente Lula (PT) chamou nesta terça-feira (23) a manifestação de Jair Bolsonaro (PL) em Copacabana, no Rio de Janeiro, de "ato de fascista" e disse não se preocupar.
No ato anterior do adversário político, realizado em São Paulo, Lula não minimizou. O ex-presidente, em fevereiro, reconheceu que foi grande, e disse ter sido um "ato em defesa do golpe".
"Não vi o ato porque estava fotografando o Minha Casa Minha Vida do [pássaro] João de Barro. Descobri quatro casas de João de Barro e resolvi fazer um filme para publicar na internet, por isso não vi [manifestação]. Não me preocupa atos de fascista, não. Me importa o seguinte: vou fazer esse país dar certo", afirmou Lula, em relação à manifestação de Bolsonaro no domingo (21).
Lula participou na manhã desta terça-feira de um café da manhã com jornalistas que cobrem a Presidência da República, no Palácio do Planalto. O evento foi transmitido ao vivo nos canais oficiais do governo federal.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, aliados e ministros do governo minimizaram o impacto do ato de Bolsonaro em Copacabana. Alvos dessa manifestação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), optaram pelo silêncio.
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Integrantes do primeiro escalão do governo disseram que não se preocuparam em assistir aos discursos ou não quiseram se manifestar abertamente.
A ideia de integrantes do governo é não dar relevância ao ato, considerado de médio porte, sem grandes novidades políticas e com adesão de uma parcela da população já cristalizada no bolsonarismo.
Em fevereiro, Lula disse que o foi "grande" e que "não é possível você negar um fato". A declaração foi dada ao jornalista Kennedy Alencar, no programa É Notícia, da RedeTV!.
Lula afirmou que as imagens da manifestação comprovam o tamanho do ato. "Eles fizeram uma manifestação grande em São Paulo. Mesmo que não quiser acreditar, é só ver a imagem. Como as pessoas chegaram lá 'é outros 500'", disse, na ocasião.
O Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, estimou o público presente no pico da manifestação do Rio, às 12h, em 32.750 pessoas, menos de um quinto presente no auge do ato pró-Bolsonaro na avenida Paulista (185 mil), e pouco mais da metade do registrado no ato de Copacabana em 7 de setembro de 2022 (64,6 mil).
Lula cobra a imprensa
O café da manhã desta terça começou com uma cobrança à imprensa. O ministro Paulo Pimenta (Secom) reclamou que a imprensa deu destaque para a fala de Lula pedindo que Fernando Haddad deixasse de ler um livro para articular politicamente com o Congresso.
Disse que era uma brincadeira de Lula e que a imprensa preferiu dar destaque para isso em vez do lançamento do programa Acredita.
Lula, por sua vez, adotou um tom mais ameno nas críticas. "A lição que aprendemos [em um encontro com jornalistas no passado] é que se a gente não quiser manchete negativa, a gente não tem que dar pretexto para que as pessoas façam as manchetes. É preciso que a gente pense nas coisas que a gente fala."