A saída de quatro secretários da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foi confirmada nesta segunda-feira (1/4) pelo prefeito Fuad Noman (PSD) e pelo secretário de Estado de Governo Marcelo Aro (PP).

 

Os nomes foram indicados pelo representante do governo de Romeu Zema (Novo) e apresentaram hoje as cartas de demissão. A mudança acontece em meio às últimas acomodações partidárias visando as eleições municipais em outubro e foi antecipada pela coluna Além do Fato, do Estado de Minas.


Deixam a prefeitura os secretários municipais de Governo, Castellar Neto; de Educação, Roberta Rodrigues Martins; de Meio Ambiente, José Reis Nogueira; e de Desenvolvimento Econômico, Fernando Campos Motta.

 

As saídas foram oficializadas em reunião realizada hoje na sede da administração municipal com a presença de Fuad, Aro e vereadores que compõem a base do secretário estadual na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH).

 

 


 

Em entrevista coletiva após a reunião, Aro e Fuad garantiram que o movimento não significa ruptura política e que os vereadores da chamada "família Aro" seguirão como base governista no Legislativo.

 

O secretário de Governo de Zema atribuiu a mudança à pressão do PSD sobre Fuad e divergências entre os rumos de seu partido, o PP, e a legenda do atual prefeito.

 

Segundo ele, seu grupo político ainda não está definido sobre quem apoiará nas eleições municipais, mas o suporte à recondução de Fuad segue na mesa de discussão.

 

Na semana passada, Fuad esteve em Brasília com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

 

Nome forte da legenda, o senador teria pedido a saída dos indicados de Aro do secretariado de BH como contrapartida para o apoio pessedista à campanha pela reeleição do prefeito da capital mineira.

 

No próximo dia 5, encerra-se o limite para mudanças partidárias.

 

Fuad agradeceu o trabalho dos secretários indicados por Aro e relembrou que a aliança construída com o secretário teve origem em momento conturbado do prefeito junto à Câmara.

 

A chegada da ‘família Aro’ afastou rumores de um possível impeachment e possibilitou a ampliação da base governista para votar projetos no Legislativo.

 

"Quanto nós assumimos essa parceria para garantir a governabilidade, isso foi feito com muita competência e com muita dedicação, mas em momento nenhum nós tínhamos compromissos eleitorais. Eu entendo que o grupo (de Aro) tem seus objetivos eleitorais e tomou essa decisão e a mim cabe acatá-la e agradecer muito pelo trabalho que foi feito.[...] Obrigado pela parceria que nós fizemos. Uma parceria que, eu acho, não se encerra nesse momento. Ela continua de uma forma não tão próxima, mas com a mesma efetividade”, disse o prefeito.

 

Pressão partidária

 

“Fuad foi correto e honrou o acordo que ele tinha conosco. Mas eu entendi que, exatamente por esse momento eleitoral se aproximar, e diante da exaustiva pressão que o prefeito vem sofrendo, sobretudo do partido que ele está hoje, que nós deveríamos tomar essa atitude de pedir para que as nossas indicações de secretários saíssem da gestão do prefeito Fuad para que a gente tivesse mais tranquilidade para tomar a nossa decisão em relação a quem nós vamos apoiar para prefeito em Belo Horizonte”, disse Aro ao justificar o movimento de retirada do Executivo da capital.

 

Partiu do secretário de Zema a primeira menção à pressão exercida por caciques do PSD para que Fuad rompesse com os nomes indicados por ele à administração da capital.

 

O prefeito disse que não foi coagido a fazer qualquer mudança e tratou com naturalidade as movimentações realizadas pelas legendas com o intuito de se organizar para a disputa eleitoral.

 

A pré-candidatura pela recondução ao cargo foi lançada oficialmente no fim de fevereiro em evento que contou com a presença de figuras centrais do partido como o presidente Gilberto Kassab, o presidente do diretório mineiro e deputado estadual Cássio Soares e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

 

Ainda ao comentar sobre a dinâmica partidária envolvendo a saída dos quatro secretários, Marcelo Aro destacou que existe uma divergência entre os rumos tomados pelas legendas que compõem seu grupo político e a de Fuad, citando, inclusive, as eleições gerais de 2026.

 

Em 2022, o PP de Aro e o governador Romeu Zema estiveram ao lado de Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial, enquanto o PSD se alinhou a Luiz Inácio Lula da Silva em Minas, tendo inclusive lançado Alexandre Silveira ao Senado e Alexandre Kalil ao governo estadual como parte integrante da aliança à esquerda.

 

“A gente está desconfortável de estar na prefeitura sendo que a eleição está se aproximando e a gente ainda não sabe se nós vamos caminhar com o prefeito Fuad. Mas tirando isso, continua tudo igual, os vereadores continuam na base do governo, continuam apoiando. Eu e o Fuad nós já tivemos inúmeras conversas e eu sempre o defendi. Por ter esse carinho e valorizar o trabalho do Fuad eu sempre falei ‘vamos para esse outro lado daqui’. E eu entendo ele, ele tem seus compromissos partidários, seu compromisso com um grupo político. Mas é um grupo político divergente do nosso. Eu estou de um lado que é do governador Romeu Zema, do Mateus Simões (vice-governador). Esse é meu campo político que diverge muitas vezes do campo político que às vezes o Fuad tem que estar nesse momento. Então por causa dessa divergência e da divergência que, acredito, virá à tona em 2026, é que inviabiliza hoje a gente estar tão próximos como estávamos”, destacou Aro.

 

Base na Câmara

A reunião na prefeitura começou por volta das 11h30. Marcelo Aro entrou no Salão Nobre da PBH liderando uma fila que contava com os quatro secretários que terão seus nomes riscados do Executivo a partir desta terça-feira (2/4), a deputada federal Nely Aquino (Podemos) e os vereadores Professora Marli (PP), Flávia Borja (PP), Juliano Lopes (Agir), Wilsinho da Tabu (PP), Marcos Crispim (Podemos), Cláudio Mundo Novo (PL), José Ferreira (PP) e Rubão (PP). Todo o séquito acompanhou Aro e Fuad na entrevista concedida após o acerto sobre as mudanças no secretariado.

 

Aro garantiu que a saída do Executivo não terá qualquer repercussão nas votações na Câmara neste ano final de legislatura. Mesmo sem a representação dos secretários, o representante da articulação política de Zema e o prefeito da capital seguem tendo como adversário em comum o presidente da CMBH, Gabriel Azevedo (MDB). O vereador também é pré-candidato à prefeitura.

 

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