Foi realizado nesta segunda-feira (1º/4), em frente ao prédio que abrigou o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), na Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte, um ato em memória dos mineiros mortos e desaparecidos durante os 21 anos da ditadura cívico-militar (1964-1985) no Brasil.
Para Léo Péricles, um dos organizadores e presidente nacional da Unidade Popular (UP), o evento visa cobrar atitudes mais objetivas do poder público e o reconhecimento das violências praticadas no país.
"É fundamental garantir vida para a juventude negra, para o povo pobre. É fazer a revisão desse processo implementando à Justiça de Transição, confirmar as torturas, pedir as devidas desculpas e aplicar medidas de reparação concretas e objetivas nesse país. Que possam reconhecer as pessoas assassinadas", comentou Péricles, candidato à presidência em 2022.
Com gritos de "ditadura nunca mais!", os manifestantes relembraram o sumiço e a morte de 49 mineiros durante o período em que os militares estiveram à frente do país. O superintendente do Ministério do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans, afirmou que 15 pessoas que tinham suas fotos estampadas na fachada de onde era o DOPS nunca foram encontradas.
O presidente da UP, Léo Péricles, clama para que o país busque justiça para as pessoas torturadas durante os 21 anos de regime cívico-militar.
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"O Brasil é único país da América do Sul que não puniu os torturadores; tem de responsabilizá-los, colocá-los na cadeia e, com isso, garantir que a história lá de trás não fique voltando permanentemente. A impunidade do passado leva à impunidade do presente", concluiu.
A ex-deputada federal Jô Moraes (PCdoB) demonstrou preocupação com a retomada do discurso autoritário no Brasil e como a perseguição do período a impediu de ver a mãe no fim da vida.
"O regime da ditadura militar não pode se repetir. Não podemos nos enganar com o discurso autoritário que existe hoje. A ditadura trouxe sofrimento, me afastou da minha família. Minha mãe morreu sem que eu pudesse ir ao hospital e ao velório, pois a polícia ficava me esperando", alertou a deputada.
O coletivo Pontos de Luta, que usa o bordado para chamar a atenção para questões políticas, levou uma imagem que recordava o assassinato do jornalista croata e naturalizado brasileiro Vladimir Herzog. Ele foi torturado e assassinado nas instalações do DOI-CODI, em São Paulo, por ser militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB).