A Câmara de Belo Horizonte (CMBH) aprovou nesta quarta-feira (3/4), em primeiro turno, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, como o novo Marco Zero da cidade. O Projeto de Lei 710/2023 foi aprovado com 38 votos.

 

Apenas os vereadores Jorge Santos (Republicanos) e Reinaldo Gomes (MDB) não votaram o projeto.

 



"As coordenadas geográficas do Marco Zero de Belo Horizonte são 19º 55' 43" S 43º 56' 06" O (...). O Marco Zero de um município representa seu 'sítio originário'. Seria o seu 'ponto de origem'", aponta o texto.

 

Atualmente, o município não conta com um Marco Zero oficial, mas o local onde fica a Praça da Estação é considerado como o marco geográfico. Já a Praça Sete, o conjunto arquitetônico da Pampulha e a Igreja são apontados como "Marco Zero", mas também sem uma legislação que trate do tema.

 

A justificativa alegada é que historiadores afirmam que o primeiro homem a chegar ao que seria a atual capital mineira, Francisco Homem del Rei, um fazendeiro oriundo de Portugal, trouxe consigo uma imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, santa protetora dos navegantes.

 

No início do século XVIII, quase dois séculos antes da fundação de Belo Horizonte, Francisco Homem se instalou em um curral que ficava nas terras pertencentes ao bandeirante Manuel de Borba Gato. Ele teve autorização para fazer uma fazenda na extremidade sul do terreno, sendo que a primeira ação foi construir no local uma pequena capela de pau a pique.

 

Com o passar tempo, uma grande quantidade de devotos começou a frequentar o local para prestar suas homenagens à santa. Isso fez com que a pequena capela fosse sendo aumentada para buscar abrigar a grande presença de fiéis, assim foi tomando forma a atual Catedral de Boa Viagem.

 

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Com valor histórico, artístico, cultural e religioso, o conjunto da praça e Igreja foi tombado em 1977 por meio do decreto n.° 18.531. O conjunto paisagístico e arquitetônico é composto pela nave, a capela São Pedro Julião Eymard, a casa paroquial e o alojamento da adoração noturna.

 

Aberto 24 horas por dia, sete dias por semana, o santuário é um lugar especial de fé, devoção e adoração. Atualmente, a Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem realiza uma campanha para revitalização da igreja e conta com a arrecadação de fundos de instituições públicas e privadas.

 

"Fato é que o local indica o Marco Zero de Belo Horizonte, conforme dossiê em anexo, sendo que a história de Belo Horizonte começou ali, no pequeno vilarejo Curral Del Rei, que se tornou a grande capital dos mineiros", aponta o texto de autoria do vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares (PL).

 

A matéria aponta que o dossiê busca corroborar Waldemar de Almeida Barbosa, Augusto de Lima Júnior, Edelweiss Teixeira, José Maria Rabelo, Raul Tassini, José Maria Leal Júnior, entre outros que defendem que o local em que foi construída a pequena capela, que abrigou a Nossa Senhora de Boa Viagem.

 

O marinheiro Francisco Homem del Rei teria chegado no Brasil pelo Rio de Janeiro e vindo a Minas Gerais devido à exploração de ouro que começava a ser feita neste território. Essa tese vem questionar a defendida pelo historiador Abílio Barreto na qual o bandeirante João Leite da Silva Ortiz que foi o responsável pela fundação da Fazenda do Cercado, que viria a ser BH.

 

A alegação é que Silva Ortiz teria se fixado na Fazenda do Cercado, que fica há seis quilômetros em linha reta do atual Santuário de Nossa Senhora da Boa Viagem, tendo vários outros territórios entre ela e o Curral del Rei.

 

Em 1989, quando é proclamada a República, passa a ser cogitada a mudança da capital de Ouro Preto, que convidasse o engenheiro Aarão Reis para construir a primeira cidade planejada do Brasil.

 

A fundação de Belo Horizonte ocorreu em 12 de dezembro de 1897, antes disso o local que antes era conhecido como Curral del Rei passou a adotar oficialmente a atual nomenclatura em 1901.

 

* com informações de Júlia Salim

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