O general Tomás Paiva deixou claro, ontem, na celebração ao Dia do Exército, o compromisso da força com os "ideais democráticos" e reforçou que a tropa é uma instituição de Estado, independentemente do matiz ideológico do governo. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou do evento, o comandante frisou que o momento vivido hoje pelos militares é outro — e bem distante daquele que marcou a presidência de Jair Bolsonaro.
"Ao completar 376 anos de glória, a força terrestre reafirma o eterno compromisso com a nação brasileira em defesa da Pátria e dos mais caros ideais democráticos, mesmo com o sacrifício da própria vida. Integramos uma instituição de Estado alicerçada na hierarquia e na disciplina, que se mantém coesa pelo culto a valores imutáveis. Estamos sempre prontos para garantir a soberania do País, protegendo nossas fronteiras e guardando nossas riquezas em todos os quadrantes deste imenso território", salientou o general.
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Isso, porém, não o impediu de fazer uma cobrança a Lula: a necessidade de investir em reequipamento e tecnologia para as três forças. Na última quarta-feira, Paiva esteve com os outros dois comandantes militares e com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados — oportunidade em que pediram aos parlamentares que incluíssem emendas ao Orçamento da União destinando recursos do Produto Interno Bruto (PIB) para investir no Exército, na Marinha e na Aeronáutica.
"Estar preparado para o futuro envolve, sobretudo, aprimorar o valor do soldado por meio do treinamento eficaz da dotação de materiais de emprego militar modernos. Dessa forma, a previsibilidade orçamentária é fundamental para fortalecer a base industrial de defesa e aumentar a capacidade de dissuasão em um mundo multipolar, no qual os conflitos bélicos são uma realidade", lembrou Paiva.
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Segundo o comandante do Exército, "a constante evolução tecnológica nos obriga a priorizar a atração, a capacitação e a retenção de recursos humanos, formando os líderes do amanhã por intermédio de um consagrado sistema de ensino, que preserva e difunde princípios éticos, valores e tradições militares".
Teste
Por sua vez, Lula passou pelo primeiro teste junto aos militares — menos de um mês depois de determinar que os integrantes do governo não participassem de atos em repúdio ao golpe militar, que completou 60 anos — ao participar da celebração. Isso não o impediu de ser vaiado por um grupo de pessoas que assistia ao evento, no quartel-general do Exército — onde os bolsonaristas se concentraram até o dia em que desceram a Esplanada dos Ministérios para depredar as sedes dos Três Poderes, em uma tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023. O constrangimento não foi maior porque apoiadores do presidente iniciaram uma salva de palmas e cantaram músicas de apoio.
Lula não discursou, mas entregou medalhas da Ordem do Mérito Militar e a Medalha Exército Brasileiro. Além dele, do ministro José Múcio e dos três comandantes militares, participaram do evento o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) — líder do governo no Congresso — e Hamilton Mourão (Republicanos-RJ) — general da reserva e ex-vice-presidente da República.