Em novo ato para se defender das acusações de uma suposta tentativa de golpe, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou o que os investigadores da Polícia Federal (PF) chamam de "minuta de golpe" e voltou a falar em anistia aos envolvidos nos ataques antidemocráticos do 8 de janeiro de 2022. Na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, neste domingo (21/4), o antigo mandatário da República reuniu milhares de apoiadores nas ruas e dezenas de aliados no palanque.
Bolsonaro e seu entorno de ex-ministros, em especial os militares da reserva, são investigados por tentarem permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022 para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As investigações apontam que a “minuta do golpe” é a peça central da trama, uma vez que envolveria um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e estado de sítio, dando poder às Forças Armadas, além da prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Alguém já viu a tal minuta do golpe?”, questiona Bolsonaro.
Segundo o ex-presidente, o documento não teria um texto mostrando os motivos para uma declaração de estado de sítio, e um decreto dessa natureza deveria ser autorizado pelo Congresso Nacional.
“E essa tal minuta de golpe não é um papel que diz que ‘eu quero decretar um estado de sítio’? Esse papel, como aprendemos na escola, tem um cabeçalho, um fecho e um texto, cadê o texto? Eu não posso, não poderia sonhar em mandar uma minuta de estado de sítio sem exposição de motivos. Cadê a exposição desses motivos? Por que não se mostra o raio da minuta de golpe?”, continuou o ex-presidente.
Anistia geral e irrestrita
Bolsonaro então começou a falar sobre os atos de 8 de janeiro de 2023 e disse que no Brasil há “órfãos de pais vivos”, se referindo às pessoas que foram presas pelo STF em razão do envolvimento nos atos antidemocráticos. De acordo com o ex-presidente, os manifestantes estavam com “bandeiras nas costas e bíblias debaixo do braço”.
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“Anistia é algo que sempre existiu na história do Brasil. Ninguém tentou, por meio de armas, tomar o poder em Brasília. Aquelas pessoas estavam com a bandeira verde e amarela nas costas, e uma bíblia debaixo dos braços. Não queiram condenar um número absurdo de pessoas porque alguns erraram invadindo e depredando o patrimônio, como se fossem terroristas, golpistas”, emendou.
O mesmo movimento foi questionado pelo pastor Silas Malafaia, que durante o evento adotou um tom mais duro contra a investigação do golpe. O líder religioso atacou o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do Supremo Tribunal Federal, e o chamou de ditador.
Segundo Malafaia, a minuta estaria dentro da Constituição, mas não houve tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, uma vez que para isso seria necessário o emprego de violência armada. Ele também defendeu o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
“Alexandre de Moraes está jogando o STF na lata do lixo da moralidade. Eu não vou deixar escapar, os senhores comandantes militares do exército, marinha, aeronáutica, o chefe do Estado Maior, escutem: Coronel Cid, um dos mais brilhantes militares, a carreira desse oficial está sendo detonada por esse ditador”, disse.