A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) se manifestou sobre a polêmica envolvendo suposto caso de intolerância religiosa e a cantora Ludmilla. A artista está sendo acusada de preconceito ao exibir uma mensagem sobre Jesus e Tranca Rua no telão do show no Coachella, que ocorreu no domingo (21).

 

Durante a performance de "Rainha da Favela", fãs que foram ao festival que acontece na Califórnia registraram o momento em que pôde ser lida a mensagem "Só Jesus expulsa o Tranca Rua das pessoas" no telão do palco principal.

 



Tranca Rua é um Exu, entidade cultuada na Umbanda e no Candomblé. Para essas religiões, o Exu é um executor das ordens divinas na Terra. Outras religiões associaram sua imagem à do diabo, figura própria do cristianismo.

 

No X - antigo Twitter, Hilton falou sobre isso: “Recebi com tristeza e preocupação diversas mensagens de que ontem, no show de Ludmilla no Coachella, ocorreu uma projeção em que havia dizeres com conteúdo que ataca e ofende pessoas de religiões de matriz africana. A realidade da nossa sociedade é a de que a intolerância e o racismo religioso existem, e estão se fortalecendo em favelas e comunidades do Brasil inteiro com o apoio das milícias, do crime, e da extrema-direita”, afirmou.

  

“Quando se projeta essa realidade em um show do porte do show de Ludmilla no Coachella, é necessário refletir isso. Mensagens como essa, sem nenhum contexto, podem criar mais danos à luta pela liberdade religiosa ao invés de ajudar a combater essa realidade de preconceito e violência contra pessoas de axé. A intolerância religiosa precisa ser combatida. No nosso cotidiano, na sociedade civil, pelo judiciário, no Parlamento, e nas artes também. E as vozes que alertam e trabalham contra as discriminações, sejam elas religiosas, raciais, de gênero e orientação sexual, precisam ser fortalecidas”, seguiu.

 

 

A deputada pediu para que a cantora aproveite esse acontecimento e trate oportunidade para avançar nesse debate e reparar danos causados. “Não esperem que na caminhada de pessoas negras nós nos condenemos tão facilmente quanto quem condena pessoas da nossa cor por qualquer passo errado.”

 

“É preciso, sim, criticar e estar abertas à críticas, a refletir, se retratar e efetivar mudanças concretas para evitar que um marco histórico, como o ineditismo de uma mulher afrolatina comandar um show no Coachella, que muito nos orgulha e inclusive contou com uma mensagem minha de abertura, na semana passada, não fique marcado como um evento de criou dor e revolta para populações marginalizadas”, concluiu.

 

Em resposta às críticas, Ludmilla afirmou que a frase foi tirada de contexto, já que o vídeo exibido no show retrata a realidade dos locais onde ela cresceu e viveu. Ludmilla disse ainda que a intolerância religiosa é uma posição “completamente contrária” à sua.

 

“Quando eu disse que vocês teriam que se esforçar pra falar mal de mim, eu não achei que iriam tão longe”, afirmou em um texto publicado no X, anteriormente conhecido como Twitter.

 

“Não me coloquem nesse lugar, vocês sabem quem eu sou e de onde eu vim. Não tentem limitar para onde eu vou. Respeito todas as pessoas como elas são, independente de qualquer fé, raça, gênero, sexualidade ou qualquer particularidade que as façam únicas.”

compartilhe