Leite e Zema durante evento do Cosud, em Belo Horizonte -  (crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Leite e Zema durante evento do Cosud, em Belo Horizonte

crédito: Jair Amaral/EM/D.A Press

Em parceria com o Executivo do Rio Grande do Sul, o Governo de Minas trabalha desde a semana passada no envio de materiais, pessoal e suprimentos ao estado, que passa pela maior crise climática de sua história. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, Romeu Zema (Novo) destacou que o trabalho das forças militares mineiras responde ao comando das autoridades gaúchas que coordenam as ações e associou o investimento para evitar que tragédias semelhantes aconteçam em Minas à renegociação da dívida com a União.

 

O governador mineiro afirma que o objetivo da equipe de bombeiros que atua no Rio Grande do Sul é somar aos esforços que já estão estabelecidos no estado sulista. Zema diz que está em contato frequente com o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e que a demanda de momento de seu colega gaúcho está focada no repasse de equipamentos de resgate.

 

 

Principal tema de negociações além das divisas mineiras, a dívida do estado com a União não foi esquecida por Zema em resposta às indagações da reportagem. Questionado sobre trabalho feito em Minas para prevenção de tragédias ambientais, o governador associou a repactuação dos débitos permitirá mais margem de investimento no setor.

  

Depois das tragédias de Brumadinho e Mariana, os bombeiros mineiros se tornaram referência nacional e internacional em ações de salvamento. Qual é o diferencial desta tropa? Os bombeiros especializados em desastres podem compartilhar seus conhecimentos com os bombeiros do Rio Grande do Sul?

 

Nós enviamos 28 bombeiros especializados nesse tipo de resgate e vale lembrar que nós temos um histórico de formação de bombeiros mineiros no Japão devido à parceria que nós temos com o governo da província de Yamanashi, onde inclusive eu estive no ano passado para renovar a parceria técnica. Isso propicia um conhecimento em nossa tropa que pode auxiliar muito em momentos, como esse em que passa o Rio Grande do Sul. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais enviou para o estado gaúcho a maior equipe de apoio em missões especiais fora do estado.

 

Com a experiência que o nosso Corpo de Bombeiros já adquiriu em outras missões, com toda a certeza vai servir muito para estar colaborando nessas operações de respostas a desastres naturais. A base de operação com várias tendas possui estrutura logística autossuficiente, que é muito importante numa situação como essa, já que está tudo precário, com posto de comando, refeitório, almoxarifado, alojamentos áreas de descontaminação e também instalações para banho e higiene pessoal, e ela credencia ainda mais a corporação a participar de operações de desastres fora do estado ou do país. Vale lembrar também que o nosso corpo de bombeiro vai utilizar toda essa estrutura nos padrões definidos pela ONU.

 

 


Nos últimos três anos, eventos climáticos extremos têm causado tragédias humanitárias em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e, agora, o Rio Grande do Sul. No âmbito do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), a ajuda prestada por Minas aos gaúchos pode inspirar a criação de uma ação articulada e permanente de Defesa Civil nos estados membros do consórcio?


Essa cooperação dentro do Cosud já foi criada desde o encontro que foi realizado em São Paulo em outubro do ano passado. Nós estamos trabalhando no aprimoramento dessa ajuda entre os sete estados que compõem o consórcio. Nós estamos elaborando políticas de prevenção e gestão de risco, monitoramento e respostas a essas situações de crise causadas por eventos climáticos extremos. E o compartilhamento de equipamento serviço será cada vez mais comum e está em elaboração protocolo de atuação conjunta para ser acionado exatamente nesses casos.

 

Alguns parlamentares de Minas Gerais têm cobrado na ALMG e na Câmara ações mais concretas do governo mineiro durante o desastre no Rio Grande do Sul. Além do envio de bombeiros, água e helicópteros, o que mais pode ser feito por Minas Gerais? Existe a possibilidade de enviar mais homens do CBMMG?

 

Tenho conversado frequentemente com o governador Eduardo Leite, neste momento, a solicitação do Rio Grande do Sul é por equipamentos de resgate. A coordenação de atendimento está sendo feita pelo governo gaúcho e temos que atender as solicitações que eles nos fazem para que o trabalho some e não atrapalhe o trabalho geral. Essa comunicação tem sido constante e, no último sábado, o governador reforçou a necessidade de técnicos na área de saneamento para auxiliar nas reparações de dezenas de estações de tratamento de água que foram afetadas devido às enchentes e a lama. Nós já enviamos para o Rio Grande do Sul 22 técnicos da Copasa que são especialistas nessa operação de estação de tratamento de água. Vale lembrar que a nossa ajuda é feita com ações concretas e em total consonância com aquilo que é solicitado.

 

Quais são os investimentos que Minas Gerais faz para a prevenção de desastres? Caso a chuva que assola o RS chegasse ao estado, estaríamos preparados?

 

Somente neste ano de 2023 nós investimos R$ 135 milhões em ações de enfrentamento e prevenção de transtornos causados por temporais. Há nesses recursos diversas rubricas como obras do DER, investimentos no corpo de bombeiros e também na Defesa Civil. Queremos investir mais, mas isso depende de termos mais margem para realizarmos esse investimento e inclui-se aí a questão da renegociação da dívida de Minas com a União para que nós venhamos a ter mais recursos disponíveis para esses investimentos que têm se mostrado essenciais para uma prevenção adequada.

 

Se Minas pudesse enviar uma mensagem ao Rio Grande do Sul, qual seria?

 

O que eu posso dizer é que os gaúchos podem contar com a nossa solidariedade e com o nosso trabalho. Tudo aquilo que estiver ao nosso alcance para amenizar o sofrimento, contribuir com os resgates, com atendimento àqueles que foram atingidos será feito. Mais à frente vamos estar participando também da reconstrução das áreas afetadas, esse levantamento que começará a ser feito agora.