“Vocês escolheram o lugar certo para investir; o Brasil será a maior economia do mundo”. Foi assim que o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), começou o discurso durante a cerimônia de ampliação da fábrica brasileira da Boston Scientific, líder mundial no desenvolvimento de tecnologias médicas.
Com um investimento de R$ 120 milhões, a companhia norte-americana está triplicando a capacidade de produção de válvulas cardíacas desenvolvidas feitas com tecido de porco, passando de 20 mil para 60 mil unidades por ano.
O vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido pelos diretores da empresa e pela prefeita de Contagem, Marília Campos (PT). Também estavam presentes médicos e pacientes que utilizam as válvulas cardíacas desenvolvidas pela Boston Scientific. Em seu discurso durante a cerimônia, Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Desenvolvimento, fez questão de dizer que, em sua visão, o Brasil é a “salvação do planeta" quando a questão são tecnologia e meio ambiente.
“Somos privilegiados com um subsolo que tem petróleo, gás, nióbio, lítio, níquel, ouro e minério de ferro. Temos uma agricultura competitiva, na minha, a mais do mundo. Já passamos, inclusive, pelos Estados Unidos. Temos uma indústria tão diversificada, até avião. E aqui deixo meu compromisso de amplificar a indústria farmacêutica. Todo meu respeito à Boston Scientific. O governo do presidente Lula lançou a Nova Indústria Brasil (NIB). Queremos uma indústria brasileira inovadora, e estamos aqui numa indústria inovadora, na vanguarda e na ponta da ciência.”
Alckmin disse ainda que o Brasil está entre os países que mais crescem no mundo. Ele citou a reforma tributária, que desonera totalmente os investimentos e exportações. “Os estudos mostram que podemos crescer o PIB do Brasil em 15%, aumentar as exportações em 17%”, seguiu. Em seguida, citou as políticas ambientais. “Deixo aqui meu apoio a uma indústria sustentável. O que vai salvar o planeta é a BIC: B de Brasil - a maior floresta tropical do mundo -, I de Indonésia - a maior floresta tropical da Ásia. - e C de Congo - a maior floresta tropical da África”, brincou.
Na plateia, estavam presentes a deputada federal Greyce Elias (Avante) e os deputados estaduais Noraldino Junior (PSC) e Jean Freire (PT), todos convidados pela Boston Scientific para a cerimônia. De acordo com a empresa, a expectativa é de que, em três anos, o volume de exportações chegue a R$ 780 milhões. Com o investimento, a Boston Scientific quer atender à crescente demanda nos locais onde já atua com a tecnologia, como Europa, Ásia e América Latina, e também planeja entrar no mercado norte-americano. Já são mais de 70 mil pacientes que receberam as válvulas da empresa em todo o mundo.
Válvula biológica
Com os nomes Acurate Neo e Acurate Neo 2, a válvula da Boston Scientific é produzida no Brasil desde 2016 e fabricada a partir de tecido extraído de porcos. Após passar por tratamento químico que o torna inerte, ou seja, não causa rejeição em humanos, o pericárdio porcino é costurado em uma estrutura metálica de nitinol, formando o produto implantável.
A técnica de implante transcateter é conhecida como TAVI (do inglês transcatheter aortic valve implantation) e o primeiro transplante aconteceu há 22 anos. Trata-se de um procedimento cardíaco minimamente invasivo, que substitui alguns tipos de cirurgias de peito aberto, ou seja, traz mais segurança e celeridade ao paciente, além de significar uma expressiva redução do risco de morte. A válvula é colocada dentro de um catéter, e esse catéter é introduzido através de um pequeno corte na artéria transfemoral e chega ao coração. Além de menor risco, a recuperação é muito mais rápida.
Para monitorar o funcionamento da prótese, é necessário acompanhamento médico. Atualmente, são realizadas aproximadamente 280 mil cirurgias para implantação de prótese valvar por ano no mundo, de acordo com a Scientific Electronic Library Online (Scielo).
Rio Grande do Sul
Durante sua passagem por Contagem, Alckmin também falou a respeito das tragédias ocasionadas pelos temporais e pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo ele, todas as medidas necessárias para a retomada do estado estão sendo tomadas pelo governo federal. “O presidente Lula deixou claro que não faltarão recursos para recuperar o Rio Grande do Sul. A primeira das medidas foi salvar vidas. Portanto, deixo aqui todo o apoio das Forças Armadas, dos bombeiros e da Defesa Civil pelo amparo às famílias.”
Questionado pelo Estado de Minas se pretende comparecer às áreas atingidas no Sul, Alckmin lembrou que tem uma agenda em Caxias do Sul. E, como o presidente Lula esteve no estado, não deve adiantar visitas à região afetada.