Governador por Minas no período 1961-1966, depois de impor derrota eleitoral a seu mais ferrenho adversário, Tancredo Neves (PSD), o udenista José de Magalhães Pinto (1909-1996), advogado e economista, foi figura sem par. Certa feita, ele decidiu comparecer à inauguração da Editora Itatiaia, dos irmãos Moreira, dentre os quais seu amigo Vivaldi, à Rua da Bahia, nas proximidades da avenida Afonso Pena.
Sabedoras de sua decisão por antecipação, as professoras em greve se dirigiram para o local dispostas a deixar-lhe lembrancinhas no cocuruto. Homem elegante, a despeito da lustrosa calvície e o corpo disforme, com ternos em tropical inglês talhados pelo alfaiate Hermano, o filho de Santo Antônio do Monte, diante das admoestações, tratou de refugiar-se no interior do prédio.
Dizem ser de sua lavra a criação da calça sem bolso para fazer jus à fama de muquirana, embora banqueiro bem-sucedido (Nacional). Para resolver pendengas financeiras, sobretudo de amigos, aliados e jornalistas, tinha a simpatia de José Eduardo Barbosa, apadrinhado por José Aparecido, que atendia a todos com deferência na Rua Espírito Santo. Um mestre na arte de (des) empinar “papagaios”.
Nasceu em sua gestão, o slogan Minas trabalha em silêncio, ainda hoje deplorado pelos publicitários. No original, o verbo estava no passado: trabalhou. Uma alegoria a centenas de escolas construídas no interior. Sua mulher Berenice torceu o nariz para a mensagem, sob a justificativa de que ladrão trabalha no silêncio, mas foi voto vencido.
Eram aclamados os méritos do governo em obras e finanças. Conspirador, Magalhães jogou cartadas no golpe cívico-militar de 1964, embora não demonstrasse aparente ojeriza às reformas preconizadas por Jango Goulart, na esperança de chegar à presidência da República. Ele participou, inclusive, da campanha pela volta do presidencialismo. Deputado, senador e ministro das Relações Exteriores, foi engolido por Carlos Lacerda, outro prócer da UDN.
Na metade de seu governo, o careca de fala mansa e cativante solicitou ao Departamento de Administração Geral, futura secretaria do Planejamento, que abrigava seu correligionário Francelino Pereira, que providenciasse aumento linear de 50% a todo o funcionalismo. A ideia de aumentos segmentados para atender privilégios interna corporis veio somente décadas depois, hoje em descarada vigência. Ao fim de seu governo, Magalhães deixou a todos uma lição, além daquela super batida, de que a política se assemelha à nuvem com variações a cada olhar: “Político em Minas só faz sucesso se estiver bem com o funcionalismo”.
Vara de Condão
No meio científico, aquele que disseca a genética no tocante à hereditariedade e ancestralidade dos seres humanos, não se faz segredo sobre o fato de que entre as famílias constituídas 10% dos descendentes são considerados "estranhos no ninho". Ou seja, têm pais biológicos diferentes do restante da prole, pois o DNA não confere ao bater com o oficialismo paterno. Isso não deve ser motivo de insônia para ninguém, em tempo algum, e em nenhum lar, pois o amor a tudo supera.
Caniço e Samburá
Quem no passado pescou lambari no Ribeirão Arrudas ainda se lembra que durante muitos anos a capital mineira estampou manchetes de mortes anunciadas por causa das enchentes. As chuvas de fim de ano alagavam o Parque Municipal, avenidas Oiapoque e Andradas, Praça da Estação, etc, ceifando vidas e destruindo a cidade. Hélio Garcia, prefeito e governador, deu fim a este sofrimento, justiça seja feita.
Cateretê
Um trio de amigos, formado por Rogério Colombini (ex-secretário de Abastecimento da PBH), Adriano Silva (secretário particular) e José Francisco (Embratur) sempre esteve ao lado, no papel de escudeiros fidelíssimos, do empresário e ex-vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva. Aquele que bradava sem cessar sobre a necessidade de juros baixos no país. Os dois primeiros faleceram nos últimos dias. A poderosa Coteminas, com uma de suas instalações em Montes Claros, a usufruir das benesses fiscais da Sudene, assim como outras empresas, pediu recuperação judicial. Josué Christiano Gomes da Silva, o filho do dono, que também já se foi, se afastou da presidência da Fiesp, sob a alegação de razões particulares.
Herança
A histórica legenda do Partido dos Trabalhadores do Brasil (PTB) voltou à cena política por decisão do TSE. O ex-deputado Vivaldo Barbosa, mineiro de Manhumirim, trocou ideias com um grupo de amigos e lideranças políticas de Minas, esta semana, em reunião virtual. Na ocasião, teceu críticas ao processo de precarização do trabalho no país. Ele ressaltou aos presentes que a agremiação partidária precisa resgatar sua dimensão histórica junto ao povo, sob a chancela de Getúlio Vargas, Jango Goulart e Leonel Brizola. O novo dirigente vislumbrou na sigla uma identidade que perpasse a sabedoria dos povos originários e da mulher e priorize a educação universal, como pregava o sociólogo Darcy Ribeiro, também trabalhista empedernido. O grande desafio, reconheceu Barbosa, entretanto, será angariar a simpatia de novos eleitores, hoje seduzidos pelas mídias virtuais. O PTB, concluiu, tem por missão, doravante, construir um projeto de nação.
Emocional
À frente do grupo de trabalho de Inteligência Artificial e Segurança Cibernética na ACMinas, o engenheiro Luiz Guelman, especialista em tecnologia da informação, apontou as três revoluções que mudaram o perfil sócio-econômico do mundo: a criação da máquina a vapor, o uso da energia elétrica e a digitalização computadorizada. A interconexão entre computadores, a partir da criação da internet, explicou, catapultou o mundo moderno para uma nova etapa, pois além de redução de custos e ganho de tempo, facilitou no geral a vida das pessoas, empresas e governos. A automação de processos provou ser um sucesso nos negócios e no cotidiano, observou. Embora em fase incipiente, adiantou Guelman, a IA vai impactar todas as profissões. Uma ferramenta de aprimoramento nas relações interpessoais e comerciais, mas que ainda se encontra abaixo do pico das expectativas. "O ser humano sempre estará acima da máquina", analisou. Quem faz mau uso da IA são os "pervertidos", concluiu. Aqueles que não pensam no bem comum, mas apenas em vantagens próprias.
Turbinados
As incertezas múltiplas do mercado automobilístico se alternam entre os veículos a combustão, elétrico ou híbrido. A China exporta carros elétricos; os EUA, embora produtor de etanol, considera estratégico o combustível fóssil; o Japão propaga as maravilhas do hidrogênio verde no amanhã; a Índia torce pelo biocombustível; o Brasil se acomoda como pode, bem a seu jeitinho, com várias opções, agora que nem tudo são "carroças". As montadoras de carros chineses proliferam no território nacional (Jac, Chery, BYD e GWM). A Fiat Automóveis passa por um cortado para acompanhar as transformações impostas por veículos chineses. Estes forçam inclusive os preços para baixo na concorrência, segundo um graduado funcionário seu.
Edipiano
Arguto observador da cena quotidiana e estarrecido com o nível crescente de violência doméstica, o motorista de táxi soltou o carro na banguela, em uma das muitas ladeiras da capital, e sapecou: “diante de qualquer mulher lembra-te sempre de tua mãe”.