Há um mês, a BR-365, no Triângulo, era uma sequência de buracos e pista ruim. Só agora começaram a tapar buracos. A estrada é administrada pela EPR, mesma empresa que vai assumir a BR-040, de BH ao Rio. 
 -  (crédito: Lorena Soares/Divulgação)

Há um mês, a BR-365, no Triângulo, era uma sequência de buracos e pista ruim. Só agora começaram a tapar buracos. A estrada é administrada pela EPR, mesma empresa que vai assumir a BR-040, de BH ao Rio.

crédito: Lorena Soares/Divulgação

Um trecho de aproximadamente 150 km sem duplicação, habitualmente com manutenção precária e que exige paciência e atenção redobrada do motorista. Assim é a BR-365 entre as cidades de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e Patrocínio, no Alto Paranaíba.

 

No mês passado, a Justiça suspendeu por alguns dias a cobrança do pedágio de R$ 12,70, devido às más condições da estrada, o que obrigou a EPR Triângulo, concessionária responsável pelo trecho, a fazer às pressas uma operação tapa-buracos. As intervenções na pista – ainda em andamento – melhoram um pouco a situação da rodovia, mas mesmo assim os usuários reclamam de pagar alto pedágio para trafegar por uma estrada em pista simples e sem melhorias significativas.

 

 

A EPR é a mesma empresa que vai assumir a gestão da BR-040 no trecho que liga Belo Horizonte a Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Ela ganhou a concessão no mês passado ao apresentar o maior desconto para o pedágio. O preço que o motorista vai pagar para rodar na rodovia deve girar em torno de R$ 12,30 por praça de pedágio. Como são três praças, uma ida e volta a Juiz de Fora vai custar R$ 73,80.

 

No fim do mês passado, o Estado de Minas percorreu a BR-365 e trechos de rodovias administradas pela EPR no Sul de Minas para dar uma noção aos motoristas sobre o que eles podem esperar da “nova 040” quando a EPR assumir. Na 365, a reportagem encontrou uma estrada precária, cheia de buracos e irregularidades na pista. No Sul, a situação foi diferente: estradas também em pistas simples, mas bem conservadas. O que, no entanto, é lugar comum nas duas regiões é a reclamação contra o alto preço dos pedágios.

 

Assim como nos casos do Sul de Minas, a concessionária EPR Triângulo assumiu a rodovia efetivamente há pouco mais de um ano, em fevereiro de 2023. Desde então houve algumas melhorias na rodovia, como substituição dos dispositivos de segurança e a complementação desses equipamentos em locais críticos para adequação das novas normas de segurança rodoviária. A sinalização foi reforçada em vários pontos, e o pavimento, melhorado.

 

Contudo, isso não foi o suficiente para agradar a motoristas que passam pelo trecho. Uma das reclamações é em relação à condição da pista. “Hoje, a estrada até piorou. Ela só tem melhorias próximas à praça de pedágio, é puro buraco no restante. É uma vergonha isso”, disse o agrônomo Danilo Matheus no fim do mês passado, antes da operação tapa-buracos.

 

Ele viaja com frequência pela via e contou que mesmo as operações tapa-buracos são paliativas e ainda trazem problemas extras, como pedras que voam sobre os carros. “Quebrei duas vezes para-brisas da minha caminhonete em menos de dez dias. Largam as britas soltas, os carros passam e jogam pedra sobre outros veículos, como aconteceu comigo”, contou.

 

Ainda sobre a pista, existe a questão da duplicação, o que frustrou muitos usuários, que esperavam uma melhoria imediata. A EPR Triângulo tem as concessões de sete rodovias na região, e só a BR-365, entre Uberlândia e Patrocínio, concentra metade do tráfego nos trechos.

 

São cerca de 13 mil veículos por dia em média. A duplicação será de 26 km no sentido Patrocínio e 10 km no sentido Uberlândia. No meio do trecho ainda haverá 55 km de faixas adicionais.

 

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Mas, por contrato de concessão, a duplicação só vai acontecer a partir do quarto ano. Enquanto isso, a partir de 2025, terão início apenas as obras para aumento da capacidade das rodovias, como a implantação de terceiras faixas, implantação de trevos, dentre outras obras de infraestrutura. Todas as obras previstas e os prazos estão definidos contratualmente.

 

“A necessidade seria a construção da terceira via para evitar acidentes, e, infelizmente, nada foi feito ainda. A pista é muito estreita. Tem vários pontos críticos que precisam de melhoria do tráfego para evitar acidentes. O objetivo principal seria duplicação”, disse o morador de Patrocínio Valter José Alves. Ele é representante comercial, e a BR-365 é usualmente caminho para o trabalho diário dele.

 

Os pedágios passaram a ser cobrados no fim de 2023 sem qualquer obra de ampliação da rodovia. Existem duas praças entre Uberlândia e Patrocínio, nos quilômetros 515 e 589, com valores de R$ 12,70 para carros de passeio. “O certo, no meu modo de ver, seria a cobrança de pedágio a partir do momento que duplicasse a rodovia, porque, principalmente entre Uberlândia e Patos de Minas, o trânsito é muito intenso, e a rodovia não é de boa qualidade, então ela não oferece muita segurança”, disse o comerciante Fabrício Teixeira.