Sede da Prefeitura de Belo Horizonte -  (crédito: Rodrigo Clemente/PBH)

Sede da Prefeitura de Belo Horizonte

crédito: Rodrigo Clemente/PBH

A esquerda avança na construção em torno de uma única candidatura à Prefeitura de Belo Horizonte, ainda no primeiro turno, e pelo menos duas das legendas do campo progressista devem mesmo se unificar na disputa: PT e PDT. PSOL e Rede, que também lançaram nomes para a disputa, ainda não bateram o martelo sobre a unificação. 

 

O campo tem até agora quatro pré-candidatos: o deputado federal Rogério Correia (PT), a deputada federal Duda Salabert (PDT) e a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL). O quarto nome da lista é o da deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede), mas a federação da qual a Rede faz parte e que é presidida pelo PSOL, anunciou Bella como candidata. Ana Paula Siqueira, no entanto, diz que segue normalmente com sua candidatura e que a decisão sobre quem será a candidata vai ser tomada somente na convenção.

 

 

As conversas em torno de uma unidade foram intensificadas com a proximidade do início oficial da campanha eleitoral, marcada para 16 de agosto, e com a divulgação de pesquisas que mostram, até o momento, uma vantagem da direita e da extrema-direita junto ao eleitorado. 

 

Rogério Correia e Duda Salabert se reuniram ontem, em Brasília, com a presença dos presidentes nacionais do PDT, Carlos Lupi, e do PT, Gleisi Hoffmann. 

 

Em um comunicado conjunto, ambos não falam em candidatura única, mas defendem “unidade de forças” e afirmam que seguem “construindo pontes ao invés de muros”. 

 

 

“Construir uma cidade do futuro, bem cuidada e com uma prefeitura que esteja preocupada em resolver os problemas reais do dia-dia precisa ser a prioridade do campo democrático-popular. Estamos certos de que um projeto em torno da cidade que sonhamos precisa ser plural e coletivo, por isso apostamos na unidade de forças. Seguimos construindo pontes ao invés de muros”, diz o texto publicado pelos dois em suas redes sociais. 

 

Nos bastidores é dada como certa a unificação das duas candidaturas, já que isoladamente os votos acabam divididos entre e a chance de não ir nenhum nome da esquerda para um provável segundo turno é grande. 

 

O impasse está em quem seria o candidato ou a candidata. Um dos critérios que vêm sendo defendido pelas legendas é a posição nas pesquisas. Quem estiver melhor colocado nas pesquisas eleitorais perto do prazo de definição da chapa seria o candidato. Na pesquisa mais recente, feita pelo Instituto Atlas Intel, do campo da esquerda, o mais bem colocado é Correia. 

 

 

O tempo de televisão, a quantidade de partidos na federação e capacidade de aglutinar apoio de lideranças também estão na mesa de negociação. 

 

Mas antes do anúncio oficial de quem será o candidato que, ao que tudo indica, deverá ser Correia, PT e PDT vão definir um programa comum. O nome para compor a chapa como vice, preferencialmente, deve ser uma mulher de centro, mas as conversas nesse sentido ainda estão caminhando.

 

O presidente do PT de Belo Horizonte, Guima Jardim, disse que a união do PT e PDT é certa, “mas primeiro, em respeito aos eleitores, vamos alinhar nossos programas”, afirma.  O presidente do PDT mineiro, deputado Mário Heringer, não foi localizado pela reportagem.

 

Resistência

A maior indefinição do campo da esquerda é por parte da federação encabeçada pelo PSOL. O partido defende que, independente das pesquisas, a chapa da esquerda deve ser encabeçada por uma mulher, já que Belo Horizonte nunca teve, em seus 127 anos de existência, uma prefeita. 

 

Ontem, logo após o anúncio do encontro de Rogério e Duda, o PSOL divulgou o informe de que Bella seria a candidata da federação. Ana Paula Siqueira, no entanto, discordou do comunicado e anunciou que segue normalmente com sua pré-candidatura.

 

Nos bastidores, a alegação é de que Ana Paula, em algumas pesquisas, chegou a pontuar mais que Bella e que ainda é cedo para essa definição. Além disso, segundo integrantes da Rede, caso não haja consenso em torno de quem será a candidata, a decisão, de acordo com resolução interna da federação, tem que ser tomada pelas instâncias superiores da coligação de legendas. 

 

A possibilidade de uma candidatura única do campo da esquerda também não é descartada pela Rede e deve ser discutida.   

 

O PT aposta na união com a federação encabeçada pelo PSOL  como retribuição ao apoio que o PT dará ao partido na disputa pelo comando da capital paulista. Em São Paulo, o PT, pela primeira vez desde a redemocratização, não vai lançar nenhum nome e sim apoiar a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).  Mas há resistência interna em relação aos reflexos em Belo Horizonte do acordo feito em São Paulo.